domingo, outubro 31, 2010

Aécio pode ter perdoado Serra. Minas, não



Serra e os colonistas (*) do PiG (**) cansaram de dizer que a eleição ia ser decidida em Minas.

Porque na verdade eles queriam dizer que Aécio ia eleger Serra.

Os colonistas (*) do PiG (**) viveram até o fim a quimera do apoio decisivo e fulminante de Aécio.

Aécio era a tábua de salvação.

Mais poderosa que a santa que Mônica Serra entregou aos mineiros do Chile.

Dilma ganhou em Minas de 58% a 41%.

O que não significa que deva a eleição só a Minas.

Diante deste enigma, ligo para o amigo mineiro, serenamente escondido atrás dos mares de morros e pergunto:

Como explicar a surra mineira da Dilma ?

Responde o sábio:

“Primeiro, Serra tratou Minas e o próprio Aécio muito mal.

Serra e FHC trataram Aécio como se ele fosse um adolescente irresponsável.

Aécio fez o que podia para atender o PSDB.

Um líder não obriga ninguém a fazer nada.

Ao contrário: líder é o que segue o povo.

Aécio pode ter perdoado Serra. Será ? Mas, Minas não perdoou Serra.

Em segundo lugar, diz o sábio mineiro, o povo está satisfeito com Lula.

Não há o que discutir.

Terceiro, e para Minas, muito importante: Dilma é mineira.

Viveu no Rio Grande do Sul depois de enfrentar a ditadura, mas seu sotaque é indiscutível.

Dilma é mineira ! “

Paulo Henrique Amorim

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Carta de um Brasileiro a um Blog Limpo (ou serviçal)

Reproduzo aqui carta de Carlos Moura, de Além Paraíba-MG.

Publicado no Tijolaço, de Brizola Neto:

Uma carta ao Noblat

Deus me livre de que o tempo me corroa a humildade e me faça querer ser dono da verdade, destes que não ouvem com o coração e não escrevem com alma.

E que me permita um dia, quando os cabelos – se restarem – ficarem brancos, escrever como o aposentado Carlos Moura, da mineira Além Paraíba, faz hoje numa carta aberta ao jornalista Ricardo Noblat, respondendo a uma agressão insólita e desnecessária que fez, ontem, em seu blog, a Lula, dizendo que lhe falta, desde que decidiu eleger Dilma, “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

A carta de Moura foi publicada no Escrevinhador, de Rodrigo Vianna, e eu a reproduzo aqui:

Noblat

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura

Além Paraíba-MG

sábado, outubro 30, 2010

Trapaça e Jogo Sujo na Carreata de Serra

José Serra fez carreata em São Bernardo do Campo hoje, cidade onde mora o presidente Lula, e Suzano. Suspeitaram que seria uma última tentativa de arrumar confusão, para tumultuar o quadro eleitoral.

O povo, esperto, não quis saber de provocação. E tudo correu tranquilo.

Eleitores de Dilma Rousseff (PT) se manifestaram junto às pessoas que seguravam bandeiras do tucano pelas calçadas, mas que não são necessariamente serristas. Um lojista, da porta de seu estabelecimento, gritou: “Só daqui a quatro anos. Desta vez não vão ganhar, não”. Uma outra eleitora, entre confusa e exaltada bradou: “é Dilma 45″, confundindo os números dos candidatos.

Mas a baixaria e o jogo sujo se fez presente, como sempre tem ocorrido no rastro por onde passa José Serra.

Alguns carros cometiam estelionato eleitoral e exibiam adesivos do presidente Lula associado ao número 45 (o nº do tucano).

No fim da carreata, um militante tucano pegou o microfone do carro de som e, imitando de maneira grosseira o presidente Lula, pediu votos para Serra. (Com informações do Terra e da Folha tucana)

Debate: Serra Precisava de Goleada. E perdeu

O debate da Globo acabou sendo o que teve mais propostas, mostrando que o interesse da população é por problemas reais, bem diferente da agenda do PIG.

Dilma ganhou, porque o formato e as perguntas não deixaram muito espaço para as baixarias, o campo preferido de José Serra.

Com perguntas que exigiam propostas, Dilma mostrou mais conhecimento e mais compromisso. Em vez de promessas ao vento, respondeu com políticas realistas sobre segurança pública, saúde e educação. Dilma mostrou mais conhecimento do Brasil real, dos problemas que afligem o cidadão comum, desde o emprego, a microempresa, a agricultura familiar, o crédito, os impostos, a qualidade dos serviços públicos. As propostas da Dilma foram mais realistas, convenceram mais. Dilma só não foi melhor quando o tempo foi curto para o tema.

Serra também não foi tão mal, o formato do debate ajudou ele a não ir mal, mas foi pior, porque as respostas dele soavam como promessas de políticos. Respostas genéricas, mal informado, distante dos problemas do cidadão. Demonstrou desconhecimento em vários assuntos, como não saber do cadastro nacional de segurança pública, não saber que as taxas de juros para financiar a agricultura familiar é extremamente baixa, mostrou pouco conhecimento do programa empreendedor individual. Enrolou em muitos assuntos e desviou da pergunta em outros.

Resultado: Dilma saiu com a imagem de melhor preparada, mais séria, mas firme.

Resumindo: Dilma precisava apenas do empate e saiu no lucro. Serra precisava da vitória, e saiu no prejuízo.

A impressão que ficou é que Serra jogou a toalha. Ele não tentou aquele algo mais que precisaria para tentar reverter sua desvantagem.

Leonardo Boff, Aborto e o Papa: “É Importante Não Sermos Vítimas de Hipocrisia”


Por Leonardo Boff, no informativo Rede de Cristãos

É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os apelos dos Papas em contra, não modificaram a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos , como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.

Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes países fez com que o número de abortos diminuísse consideravelmente.

O organismo da ONU que cuida das Populações demonstrou há anos que quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.

Vale lembrar que o canon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saúde José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este canon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmente não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.

Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os orgãos todos preparados, apelou para este canon 1398 e excomungou os médicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.

É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na política brasileira fazendo-se cabo eleitoral dos grupos mais conservadores. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos, como Cardeal, ocultou o crime de pedofilia de padres e de bispos.

Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do país, seja na do Vaticano seja na do Brasil.

Um abraço fraterno

Leonardo Boff

sexta-feira, outubro 29, 2010

Para Jornal Argentino, Serra Errou ao Tentar Fazer de Dilma uma “Terrorista Abortista”


Por: João Peres, Rede Brasil Atual

Destacando baixo nível da campanha, Página12 elenca Folha de S. Paulo, Papa Bento 16 e tumulto provocado como últimas esperanças para o tucano

(Foto: CNI/Divulgação)

São Paulo – O jornal Página12 desta sexta-feira (29) elenca as últimas esperanças para o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra. O repórter Santiago O'Donnell, correspondente do diário argentino em São Paulo, afirma que falhou o jogo de baixo nível de tentar colocar Dilma como “terrorista lésbica abortista.”

Agora, restam ao tucano três esperanças, avalia O'Donell. A primeira, principal receio do PT, é a movimentação da Folha de S. Paulo na tentativa de distorcer a vida de Dilma Rousseff durante a ditadura. A segunda é a declaração do Papa Bento 16 na quinta-feira (28) a respeito das conexões entre eleições e aborto. Serra, de imediato, aproveitou a ocasião e aparece nos jornais desta sexta aos beijos com a imagem de uma santa.

A terceira é que se produzam tumultos durante as passeatas programadas para esta sexta. Como havia alertado Marilena Chaui, filósofa e professora da USP, o PT trabalha com a possibilidade de que o PSDB tente armar alguma confusão com manifestantes “fantasiados” de petistas, produzindo imagens para a propaganda eleitoral de Serra que não teriam tempo de ser desmentidas por Dilma.

O jornalista argentino tem como centro de seu texto o diretório do PT, no qual, diz, ninguém descansa um minuto na detecção da chamada “bala de prata” contra a candidatura Dilma ou dos boatos espalhados pela internet. A surpresa é que a mobilização se mantenha mesmo com os 15 pontos que as pesquisas dão de vantagem à candidata da situação.

A questão é que, após a surpresa do primeiro turno, ninguém que dar chance ao azar. Mais que isso, o jogo baixo do segundo turno levou a uma enorme mobilização de artistas, intelectuais e militantes em torno da candidatura. Como diz O'Donnell, “três dias de campanha podem ser uma eternidade.”

Mulheres Reagem a Pedido de Serra Para Convencer Pretendentes

28/10/2010 21:04, Por Redação do Correio do Brasil, do Rio de Janeiro

Serra falou a uma platéia em Minas


O candidato tucano, José Serra, gerou uma nova onda de protestos na internet, no início da noite desta quinta-feira, por parte das mulheres que se sentiram ofendidas com o pedido do candidato, feito no encerramento do discurso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para uma plateia de cabos eleitorais e convidados. Ele apelou para que para as “meninas bonitas” busquem convencer os seus pretendentes masculinos a votar nele, principalmente na internet.

– Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado – argumentou o candidato.

Segundo o candidato tucano, mulheres bonitas têm mais condições de cabalar votos para a aliança da direita.

– Se é menina bonita, tem que ganhar 15 (votos). É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45 – completou.

A proposta caiu mal para as mulheres brasileiras que, no Twitter, alçaram o primeiro lugar nos trends (assuntos mais debatidos nas redes sociais) nacionais e terceiro lugar, em nível mundial, com as mensagens de protesto contra o candidato.

“Sou mineira e bonita, mas não tenho tenho vocação pra trabalho de bordel”, escreveu @fiz_mesmo, seguida de @velvetinha: “Credo, o Serra é antigo, que ideia mais triste, gente. Ele imagina as meninas coqueteando para ganhar votos. Perai, vou ali vomitar”.

Os protestos foram rastreados pela tag #serracafetao, que chegou ao terceiro lugar em nível mundial, no início da noite. O internauta @emrsn ponderou que “por muito menos o Ciro foi mega desacreditado pela imprensa”, e @purafor pergunta se esta seria uma proposta do candidato para se criar “um bordel a nível nacional”. Enquanto isso, @rodrigonc, que não deve passar dos 14 anos, aproveita para entrar na discussão, “só avisando às meninas bonitas do Twitter: podem me mandar DM (mensagem direta, na tradução do inglês) que a gente já pode negociar esse voto”.

O internauta @luisfelipesilva acirra o debate ao constatar que “não tem profissão mais ingrata do que ser marketeiro do Serra, haja gafe…”, mas coube à internauta @alessandra_st colocar o tom do protesto: “Serra desvaloriza a mulher e subestima eleitorado feminino em MG”, concluiu.

As teorias dos leitores para as próximas 80 horas


por Luiz Carlos Azenha

Começo com um agradecimento pela audiência recorde dos últimos dias. E um agradecimento especial àqueles que me alertaram, por e-mail, via twitter ou por telefone dos problemas que o site enfrentou no início da semana. Temos uma espécie de espelho do site, hospedado fora do Brasil e, se for necessário, vamos informar por twitter como chegar até ele. Pura precaução.

Gostaria de informar que, infelizmente, por falta absoluta de tempo, não posso responder a todas as mensagens que chegam (via twitter, no facebook, por e-mail, nos comentários). Tento acompanhar tudo de perto, mas tenho compromissos profissionais e familiares que não podem esperar.

Nas últimas horas, registro um grande aumento de comentários e mensagens de gente preocupada com o que vai acontecer nas próximas 80 horas. Há os que simplesmente não conseguem passar sem um bom boato, trama ou conspiração.

Eu trabalho com fatos, mas não posso deixar de notar que as campanhas clássicas da direitona — e estamos numa delas – trabalham com desinformação+confusão=desmobilização.

Foi assim em 1989, no Brasil, quando vestiram o sequestrador de Abílio Diniz com camiseta do PT. Foi assim na Venezuela, no golpe de 2002, como ficou registrado nos documentários A Revolução Não Será Televisionada e Puente Llaguno. Foi assim na Bolívia, em 2002, quando Gonzalo Sanches de Lozada se elegeu (e foi registrado no documentário Our Brand is Crisis). Foi assim no México, em 2006 — e ficou registrado no documentário Los Dueños da Democracia. Foi assim no confronto entre Barack Obama e John McCain, em 2008, nos Estados Unidos, que acompanhei de perto.

Clique no nome dos documentários para assistí-los em meu canal do You Tube.

É óbvio que tudo pode correr calmamente até domingo, sem grandes surpresas. É o que espero.

Porém, deixo registradas abaixo as principais preocupações de leitores do site, recebidas por e-mail, que agrupei em quatro grupos:

1. Cheiro de armação no ar…
27 10 2010

do Alfredo Bessow, no Passe Livre

Ao sair do estúdio da TV Cidade Livre de Brasília depois de entrevistar o sindicalista Paulo Antenor, presidente do Sindireceita e eleito 1º suplente de Senador na chapa encabeçada por Magno Malta lá no ES, recebi telefone de um telespectador que, em outras palavras, dizia ter a Folha de São Paulo negociado, financeiramente, o depoimento de um ex-preso político. O objetivo de tal ‘depoimento/desabafo’ seria o de desmontar a versão da Dilma ‘osso duro de roer’. Na versão negociada, o denunciante criaria uma versão de que ela teria delatado vários aliados da luta armada contra a ditadura.
Todos nós estamos um tanto quanto atônitos com tanto zumzum, mas, ao que tudo indica, seria uma artilharia pesada a ser usada mais para o fim de semana, redundando numa ação conjunta da Folha, da Veja e da TV Globo – provavelmente sexta à noite.

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2. Do Brasil Atual, repercutido há pouco pelo deputado Rui Falcão no Facebook

São Paulo – A filósofa Marilena Chaui denunciou nesta segunda-feira (25) uma possível articulação para tentar relacionar o PT e a candidatura de Dilma Rousseff a atos de violência. Ela afirmou, diante de um público de quase 2 mil pessoas, que soube de uma possível ação violenta que seria montada para incriminar o PT durante comício do candidato José Serra (PSDB) na próxima sexta-feira (29).

Segundo Marilena, a promessa dos participantes da suposta armação seria de “tirar sangue” durante o comício. As cenas seriam usadas sem que a campanha petista tivesse tempo de responder. “Dois homens diziam: ‘dia 29, nós vamos acertar tudo, vamos trazer o pessoal vestidos com camisetas do PT, carregando bandeiras do PT e vão atacar pra tirar sangue, no comício do Serra”, reafirmou a filósofa, em entrevista à Rede Brasil Atual. “É preciso alertar a sociedade brasileira toda, alertar São Paulo e alertar os petistas”, pediu Marilena. A ação estaria em planejamento em um bar de São Paulo, no final de semana.

Para exemplificar o caso, ela disse que se trata de um novo caso Abílio Diniz. Em 1989, o sequestro do empresário foi usado para culpar o PT e o desmentido só ocorreu após a eleição de Fernando Collor de Melo.

A denúncia foi feita durante encontro de intelectuais e pessoas ligadas à cultura, estudantes e professores universitários e políticos, na USP, em São Paulo. ”Não vai dar tempo de explicar que não fomos nós. Por isso, espalhem pelas redes sociais”, divulguem.

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3. Do Página 13

Numa clara encomenda da FOLHA, um desconhecido “analista político”, um tal de Carlos de Mello, de um tal de INSPER, quer provar, por A + B, que não existe mais militância política voluntária.

Ao fundo, uma repórter com voz sensual, quer nos convencer que nós, milhões de militantes políticos do PT, do PCdoB, do PSB, do PMDB, do PCB, do PSOL, do PSTU, da CUT,da CGT, da CGTB, da Força, dos sindicatos e dos movimentos por moradia, etc. não existimos, ou quase todos somos meros mercenários, que trabalham nas ruas por dinheiro…

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/820888-militancia-voluntaria-e-coisa-do-passado-diz-analista.shtml

Não há coisa que irrite mais a direita reacionária do que o fato de nós, cansados de um dia inteiro de trabalho, irmos às ruas fazer campanha política nos pontos de ônibus, nas praças, nas escolas e portas de fábrica….convencendo o povo, conversando com as pessoas, distribuindo material de propaganda, visitando casas nos bairros, fazendo de cada um dos que encontramos, um novo re-transmissor de nossas mensagens de conscientização e de cidadania…

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4. Da leitora Graça Lago, por e-mail

Azenha,

Hoje, no Panorama Político, de O Globo, Ilimar Franco denuncia que emissários do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, estão ligando para jornalistas para passar informações mentirosas sobre a saúde de Dilma Roussef. Para exemplificar, o colunista cita a informação passada por tucanos de que Dilma estaria muito mal em um aeroporto do Sul, quando, na verdade, ela participava de uma carreata em outro estado.

A denúncia é gravíssima e liga diretamente a campanha de Serra aos boatos espalhados pela internet e entre evangélicos sobre a saúde da candidata (de que ela tem câncer terminal e não assumirá a presidência). Nem precisa de perito para identificar a impressão digital; até um leigo pode ver.

A denúncia soma-se à apreensão ontem, em SP, de panfletos apócrifos e mentirosos sobre Dilma, que estavam sendo distribuídos por militantes do PSDB. Os panfletos, com a falsa ficha da Dilma, estavam sendo, ironicamente, distribuídos em Perús, bairro que abriga o cemitério onde a ditadura enterrou, na surdina, inúmeros corpos de militantes políticos assassinados na tortura.

quinta-feira, outubro 28, 2010

O Flerte de José Serra com a Extrema-direita


A guinada à extrema-direita do candidato Serra José Serra (PSDB-DEM-PPS) preocupa todas as forças democráticas do país, independentemente da opção partidária. O panfleto da Tradição Família e Propriedade – TFP, na reunião da coligação serrista é a ponta visível de um movimento que ficou mais cristalino a partir do momento em que Serra percebeu que, para ganhar e eleição, não bastaria posar de “novo Lula”; muito menos desenvolver debate saudável sobre projetos de governo.

No entanto, o início desta caminhada de Serra para o extremo direito do espectro político teve início quando o ex- ministro de FHC traçou as estratégias de campanha. Serra não conteve sua sede de poder ao permitir que fossem arregimentados os chamados trolls, que se enfronharam nas redes sociais como simpatizantes da sua candidatura, quando o real objetivo era difamar e provocar ativistas honestos e jornalistas imparciais.

Mas isso não foi o pior. Serra repercutiu em seu programa eleitoral o discurso do ódio anti-governo, anti-Lula e seus partidos aliados, que se espalhou em alguns segmentos preconceituosos da classe média, que multiplicaram spams difamatórios contra a candidata Dilma. Material tão ofensivo que merece uma investigação da Polícia Federal para se saber sua origem, tamanha a gravidade de seus conteúdos.

A situação atual é preocupante. O radicalismo da extrema-direita começa a esbarrar em agressões físicas para quem vota ou votou na candidata Dilma e coligação governista. Já começam a pipocar na rede depoimentos com o de Arnobio Rocha, que teve sua filha de 9 anos agredida na escola.

Para atestar os fatos, basta você declarar seu apoio ou simpatia por Dilma ou Lula numa rede ou roda social, e a resposta ser uma saraivada de impropérios, encaminhamentos dos spams caluniosos, ou mesmo uma patrulha implacável resumida na frase "você é esquerdista", para descredenciar os seus argumentos.

Para aqueles que não votam em Dilma, mas apreciam o debate saudável, basta se perguntar quantos e-mails caluniosos contra Serra são recebidos na própria caixa postal. A desproporção é a prova cabal de movimentos coordenados por algum grupo.

Nos últimos oito anos do governo Lula, o país viveu em harmonia, com os cidadãos e cidadãs expressando as opiniões em todos os níveis, de crenças religiosas às posições políticas, incluída nesse cenário a oposição raivosa e implacável da oposição.

Nos dois governos Lula, patrões dialogaram com funcionários, movimentos sociais expressaram suas posições, mesmo conflitantes; grandes jornais e redes de TV viveram liberdade de expressão plena, apesar de muitas vezes manipularem versões de fatos de acordo com seus interesses empresarias. Nunca ocorreu qualquer ingerência na sociedade civil; o saudável debate de idéias foi total, algo que vem sendo desprezado pelo ódio e a intolerância alimentados pela campanha de José Serra, que mais atira "gasolina na fogueira", com um evidente e desprezível falta de amor pela sociedade.

Isto é prejudicial a todos os brasileiros: aos que apóiam a candidata Dilma, mas também àqueles que, de forma honesta, votam no candidato José Serra; voto baseado na crença de sua capacidade de conduzir o Brasil, e não por revanchismo ou intolerância.

A NovaE, seus editores e colaboradores continuam de prontidão para combater com palavras, dados e opiniões os extremismos, à direita e à esquerda, pela simples razão de não fazerem bem ao país e aos cidadãos.

Manoel Fernandes Neto - Editor da NovaE.

Carta aberta à CNBB: Crime eleitoral


Carta Aberta à CNBB.

São Paulo 17 de outubro de 2010.

Como membro da CJP-SP fui chamado pelo Deputado Estadual Adriano Diogo a registrar o flagrante de crime eleitoral na Editora Gráfica Pana LTDA, que foi contratada pelo Bispo Diocesano de Guarulhos para reproduzir 2,1 milhões de panfletos falsos da CNBB e estava para distribuir, ontem, pelo país 1,1 milhão de cópias do material e fiz estes registros, por ter ciência da orientação de nossa Comissão Brasileira de Justiça e Paz a partir do documento que li, recebido dias atrás sobre a falsificação de panfleto em nome da CNBB.

A encomenda foi realizada a pedido Mitra Diocesana de Guarulhos conforme imagens abaixo, a saber: email de encomenda, cópia do boleto bancário e carta de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini ao Pe. Jean Rogers Rodrigo de Souza, solicitando distribuição, que encaminho também anexo para divulgação, uma vez que constituem a documentação probatória da encomenda e do crime eleitoral praticado.

A gráfica iria entregar 2,1 milhões de panfletos, cuja informação fornecida pelo gerente da empresa pego em flagrante, pode variar em sua tiragem de 20 a 50 milhões. Foram apreendidos somente 1 milhão dos panfletos falsos, cuja liminar de apreensão já foi expedida pelo juiz responsável. Isso significa que muitos panfletos podem ter sido feitos em outras gráficas e continuarão a ser distribuído pelo país, caso não haja uma ação efetiva da CNBB.

Penso que nossos Bispos devam considerar, dada a gravidade dos fatos, encaminhar a Nota de Esclarecimento elabora no encontro de Itaici, para ser lida em todas as paróquias, em todas as missas do próximo domingo, sua publicação no Jornal O São Paulo e demais revistas e jornais católicos, bem como a leitura nas Tvs e rádios da igreja, buscando por fim ao assunto.

Recomendo esta atitude para nossos pastores reunidos em Itaici, entendendo ser este um gesto que favorecerá a distensão dos mal-entendidos provocados, visando o amplo esclarecimento dos fiéis que receberam tal documento apócrifo e criminoso, sobre a real posição de nossos bispos do Regional 1 e da CNBB, contribuindo desta forma para serenarmos os conflitos gerados entre os católicos, reafirmando a integridade da CNBB e reforçando a cidadania, a democracia e a livre escolha de todos os brasileiros, tão atingidas com esta manifestação difamatória, que desvirtua o foco do debate que interessa à nação e o sentido das eleições de 2010.

A cizânia que a calúnia, as ofensas e as mentiras imputadas geram entre aos cristãos, por ações como está promovida pelo Bispo Diocesano de Guarulhos, estão explicitadas de forma dramática nos fatos que ocorreram hoje em Canindé, no Ceará, onde a missa acabou em TUMULTO, uma vez que o padre corretamente, informou aos presentes que o documento que estava sendo distribuído na missa era falso e acabou sendo atacado por um político, durante a celebração. Pergunto aos nossos Bispos da CNBB; quando na igreja uma missa tão tradicional como a de Canindé, acabou desta maneira? Os fatos demonstram a gravidade do momento e a tentativa de aparelhamento do sentimento religioso em nosso país, conforme nota publicada pla CNBB.

Faz-nos refletir a justeza das palavras da candidata Dilma Rousseff, divulgadas na imprensa recentemente, sobre a campanha de ódio que estas ações subterrâneas estão gerando nos corações e mentes dos brasileiros por todo nosso país. Isso pode ficar mais grave ainda, se não for feita uma ampla campanha de esclarecimento junto aos fiéis. A CNBB e o país tem muito a perder com isso. É preciso por um basta a esta campanha baseada na mentira, na calúnia, na difamação!

Só a Verdade nos libertará.

Atenciosamente:

Marcelo Zelic

Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo Coordenador do Projeto Armazém Memória

Os Documentos citados podem ser visualizados em: http://www.viomundo.com.br/politica/carta-aberta-a-cnbb.html