terça-feira, outubro 24, 2006

Manifesto Contra O Golpe

Atenção cidadãos brasileiros e militantes pela democracia em todo o mundo. A lisura das eleições no Brasil está sendo ameaçada! O Primeiro golpe contra Lula já foi dado: uma fraude midiática levou a eleição ao 2.º turno. A mídia prepara um novo golpe?
Uma mídia totalitária, digna representante das elites preconceituosas e excludentes de nosso país, conseguiu levar o seu candidato para o segundo turno e, agora, está se preparando para dar o golpe final!. A reportagem da revista Carta Capital nº 415 não deixa dúvida. A "Trama que levou ao segundo turno" tem nomes e sobrenomes.
Os jornalistas ali mencionados não obtiveram uma informação: foram convocados para receber uma informação. Eles não revelaram o que sabiam: foram chamados à Polícia Federal por equipes da campanha de Serra e Alckmin porque o delegado da Polícia Federal Edílson Pereira Bruno queria lhes entregar fotografias de uma montanha de dinheiro, dizendo tratar-se de dinheiro para comprar um dossiê anti-Serra (seria mesmo?), mas lhes pedindo que informassem ao distinto público terem sido as fotos "roubadas" da mesa de trabalho do delegado. E eles, aqueles jornalistas, assim o fizeram. Eles mentiram sabendo que mentiam. Eles mentiram (sequer investigaram se a dinheirama estaria mesmo relacionada ao caso do "dossiê") sabendo que o objetivo daquele falso "furo" era tão somente ampliar a histeria moralista anti-Lula que pudesse levar as eleições para o segundo turno. Eles coonestaram um ato de prevaricação de um funcionário público e enganaram conscientemente os seus leitores bem como a audiência dos jornais de TV. A campanha falsamente moral da mídia é totalitária e tem um objetivo nítido e antidemocrático: desmontar a vontade popular ou, em segunda instância, inviabilizar a posse do presidente Lula.
Mas seriam os que participaram desta trama os únicos mentirosos? Pelo que se lê diariamente nos jornais e revistas tem se a impressão que quase toda uma categoria profissional, por ação ou omissão, ressalvadas exceções como a Carta Capital, coonesta e participa desta dinâmica que golpeia a democracia sistematicamente. Fieis aos donos do poder de sempre, porta-vozes dos negócios de sempre, colocam-se, com seus patrões, contra o poder da verdade: a vasta mobilização popular para a reeleição de Lula e o aprofundamento das realizações de seu governo. Mas certamente não faltam jornalistas indignados com o que está acontecendo. Os democratas do Brasil esperam destes jornalistas que se posicionem contra o golpe midiático que se arma contra a vontade que haverá de sair das urnas no próximo dia 29.
É preciso barrar a lógica hipócrita da verdade dos donos do poder. Se para eles a quebra do sigilo do caseiro é um crime; a entrega ilegal das fotos do dinheiro por um policial constitui um ato cívico. A verdade dos donos do poder constitui a própria efetivação de seu poder econômico. Sua dimensão escandalosamente totalitária teria envergonhado até a propaganda stalinista. Uma verdade que, com sua violência, nada tem a ver com o poder da verdade: ou seja, com as dimensões éticas do único governo de nosso país que, ao mesmo tempo em que realizava consistentes políticas de distribuição de renda, atuou contra as velhas quadrilhas enquistadas no Estado brasileiro e contra a elite sonegadora. Hoje, nas vésperas do segundo turno e diante do desespero de um candidato oposicionista fabricado e sem proposta nenhuma, as corporações de comunicação não param de anunciar, como num filme de terror, uma nova tentativa de golpe: "só um novo escândalo derruba Lula, só um novo escândalo impede a vitória de Lula, quando será, onde?" Os cidadãos, eleitores e defensores do governo e da candidatura Lula vivem permanentemente sob uma ameaça ao mesmo tempo desconhecida e concreta. Sob este regime de terror, são criminalizados porque defendem as realizações do presidente e de seu governo, e as perspectivas de aprofundá-las nos próximos 4 anos.
A mídia da elite preconceituosa mente, sua verdade é aquela do poder de sempre: miséria, desigualdade, violência, trabalho escravo e subserviência aos interesses imperiais.
Um novo golpe se anuncia?!
Alertamos os democratas de todo o mundo, para a importância da reeleição de Lula para as lutas dos pobres de todo o mundo, e para a campanha golpista e fraudulenta que as corporações de comunicação e os partidos de oposição estão fazendo para impedir essa reeleição.
Chamamos todos os cidadãos democratas do Brasil para saírem às ruas para defender a reeleição de Lula, garantir a sua posse e as condições para que ele governe e aprofunde o seu programa de governo.


Assinam:


Marilena Chauí (USP)
Ivana Bentes (UFRJ)
Giuseppe Cocco(UFRJ)
Vinicius A. de Lima (UNB)
Peter Paul Pelbart (PUC-SP)
Marcos Dantas(PUC-Rio)Rodrigo Guéron (UERJ)
Tatiana Roque(UFRJ)
José Roberto Novaes (IE-UFRJ)
Adriano Pilatti ( PUC-Rio)
Francisco Guimarães(PUC-Rio)
Cecília Teixeira Soares
Alexandre do Nascimento (PVNC)
Fernando Santoro(UFRJ)
Marcelo Backes (escritor)
Barbara Szaniecki (designer - Rio)
Paulo R. de A. David (Cidadão)
Paulo da Vida Athos
Jarbas Lima Lemes (Ambientalista)
Bráulio Luiz de Paula Santos (Ambientalista)

Sugerimos a repercussão em todos os BLOGS democráticos.



Fonte: http://www.paulodavida.blogger.com.br/

sexta-feira, outubro 20, 2006

Carta Aberta a Arnaldo Jabor

Por Mauro Carrara
Quase perfeitíssimo truão, Primeiramente, atente ao substantivo, e não desconfie de insulto. Os bobos da corte são, historicamente, mais que promotores de fuzarca ou desvalidos a serviço do entretenimento. Os realmente talentosos urdiam na teia das anedotas a crítica a seus senhores monarcas, traduzindo pela ironia a bronca popular. Era o caso do ácido e desengonçado Triboulet, vosso patrono, uma espécie de grilo falante capaz de estimular as consciências de Luís XII e Francisco I. Tantos outros venceram no ofício, como o impagável Cristobal de Pernia, uma espécie de conselheiro extra-oficial de Felipe IV. Neste Brasil da pós-modernidade globalizante, el rei Dom Fernando Henrique Cardoso reviveu a bufonaria. No entanto, empregou-a de modo diverso, quase sempre como dissimulação hilariante para desviar atenções de sua ética de conveniência mercantil, tão bem definida por Dom José A. Gianotti, seu filósofo e encanador. O ex-monarca utilizou ainda sua trupe de falastrões para promover a alienante festa pública sugerida por Maquiavel. Portanto, nunca é exagero te parabenizar pelo empenho profissional. Há anos, na ribalta televisiva, te devotas a divertir e iludir os "psites do sofá", mesmo depois que o tiranete a quem servias foi apeado do trono. Sempre diligente, conclamas e incitas, rebolando patranhas tal qual histriônico cabo de esquadra do restauracionismo. Recentemente, contudo, causou-me espanto tua fúria salivante para edulcorar a participação do embusteiro Geraldo Alckmin no embate contra o grisalho herói de todos os sertões. Como é próprio de teu ofício, fizeste rir ao embaralhar significados, ao abusar das hipérboles, ao exceder-se nos adjetivos impróprios, ao viajar na maionese das idéias desconexas. No entanto, truão Jabor, prosperou aqui a dúvida. Que quiseste dizer com o clichê "choque de capitalismo"? Seria referência ao rombo de R$ 1,2 bilhão legado pelo embusteiro alquimista ao ressabiado governador Lembo? Ou seria apenas ironia herdada de teus predecessores, na profecia zombeteira de um novo "que comam brioches"? Destacam-se também, como enigmas, tuas dupletas acres de escassa teoria. São os casos de "socialismo degradado", "populismo estatista" e "getulismo tardio". Eita, nóis! Que essas vigarices binárias nos viessem, ao menos, com sal de fruta. Né? Ora, de qual "socialismo" tratas? Será que resolveste, no supletivo dos sexagenários, estudar a industria cultural e as idéias de Adorno? Hum... Pouco provável. No que tange ao termo "populismo", arrisco uma resposta. Tu o compraste na escribaria de ordenança dos novos donatários. É coisa do bazar de tolices de Civita e Frias Filho. Acertei? Diga aí... Mas o que queres dizer com "getulismo"? Pelo que percebi, escapa-te o fenômeno à compreensão histórica. Tratas daquele do Departamento de Imprensa e Propaganda? Ou te referes àquele das necessárias justiças trabalhistas? Outros exageros me encafifaram em tua anedota de encomenda. Tratas lisergicamente de um São Paulo "rico", como se construído dos empenhos da malta quatrocentona. Em teus seminários de apedeuta, desapareceu o povo. Evaporaram-se João Ramalho, Bartira, Tibiriçá, Anchieta, tantos mamelucos arabizados, tantos avós europeus aqui remixados, tantos irmãos nordestinos que ergueram nossos arranha-céus. Teu São Paulo mítico, tristemente, não admite a antropofagia. E tem mais... Em tua pregação, o embusteiro Alckmin surge como legítimo herdeiro da alva elite construtora do progresso. Nesse delírio pós-positivista e lombrosiano, não há rastro da gestão criminosa dos privateiros tucanos, dos sonegadores dasluzeiros, dos pedageiros corruptos e dos sócios do marcolismo. Não te rendeste ao excesso? Ai, ai, ai... Agitando guizos, executas tua prestidigitação. Empregas, em simultâneo, o sapato pontudo para alojar sob o tapete o sacrifício juvenil na Febem, as nove centenas de contratos irregulares e o estupendo assalto ao tesouro da gente bandeirante. Não exageraste? És bufão ou advogado, truão Jabor? Entre tuas deformações, tão valiosas ao ofício, suponho até mesmo a cegueira de um olho. Ignoras o júbilo de milhões de vassalos não mais famintos, agora metidos a escrever o próprio nome. Vê, quanto atrevimento! Tampouco registras a voz de ameríndios e afro-descendentes, agora perigosamente mais próximos de ti, a tomar lugar nos bancos da universidades. Não enxergas a energia elétrica nos grotões nem o canto de esperança dos humildes da terra, fortalecidos em cooperativas de produção. Depois, qual demiurgo de botequim, dizes que o nasolongo Alckmin é "incisivo", enquanto o outro te parece "evasivo". Ladino que és, julgas os combatentes pelo aspecto cênico e não pela natureza das idéias. No caso do embusteiro alquimista, excedes ao elogiar o espantalho bélico, aplicadíssimo ao método stanislavskiano. Ora, magnífico truão, todos vimos que o herói de todos os sertões é adepto de outra técnica. Pisa o palco de Brecht, revelando-se como realmente é, antes que se mistifique no papel de fundeiro de microfone. Cantaste, portanto, a vitória do "limpinho", do "sem barba", do malcriado que imita Tyson. Como líder de torcida, vibraste na platéia, tuas pernas flácidas saltitando de contentamento, as mãos agitando invisíveis fitas coloridas. Ah, mas perdeste a razão... Depois, destilaste teu parvo sarcasmo sobre o "povo", sobre a "mãe analfabeta" do operário e sobre os "pobres", em suma, sobre esses todos do "lado de cá". Na piada rancorosa, revelaste um desprezo moldado para a auto-proteção. Sabes o quanto é doloroso viver deste lado da linha, no território dos anônimos, dos que sofrem e trabalham de verdade. Se há dialética nesta missiva, agrego teus motivos. Sabes o valor de uma adoção real, ainda que precises caminhar de quatro, atado à coleirinha de el rei. Sabes o quanto é estratégica essa assepsia, esse descontato com o ímpio das ruas, dos campos e das construções. Assim, me permito uma visita a teu passado. Tua obra "séria" resultou, caro truão, em enorme fracasso. E, disso, bem sabes. Por um tempo, tuas ventosas de sanguessuga agarraram algumas tetas públicas. Desse modo, pudeste alimentar teus espetáculos de terceira categoria, ainda que fizessem rir quando a intenção era pretensiosamente induzir à reflexão. Incerto dia, pobre de ti, todo o oportunismo de parasita foi castigado, de modo que te encontraste novamente vadio, mergulhado na mais profunda frustração. Naquele momento, julgo, buscaste inspiração em Triboulet... Na Vênus Platinada do decrépito Marinho, iniciaste tua pândega panfletária, calcada na manipulação marota de cacos de idéias. Nada por inteiro. Coerente para quem, por natureza, carece de integridade. Esse flashback permite, portanto, compreender melhor o roteiro cínico. Tanto faz se teu senhor largou o reino às escuras, se destacou piratas para pilhar o patrimônio público, se foi incompetente até mesmo para empreender no capitalismo que tanto celebras. Às tuas costas, no tempo, estende-se a terra arrasada pela peste do egoísmo, habitada de fariseus neoliberais e de peruas ridículas e mesquinhas. Por meio da ruidosa retórica de falso indignado, desvias o olhar público dessa paisagem da tragédia. Para seguir o ato farsesco, fazes descer o pano da falácia sinistra do golpismo lacerdista, da distorção, da maledicência e da espetacularização do rito inquisitório. Simulas ver aqui, em alto grau, o que ignoras ali. Na telinha da "Grobo", distribui sofismas, injetas no sangue de Otello a desconfiança, patrocinas a intriga nacional. Poder-se-ia encontrar em ti o personagem Sacripante. Uma observação acurada, entretanto, revela mais um Silvério dos Reis das artes cênicas. Certa vez, me disse Henfil: "o pior humorista é o que vende sua comédia aos canalhas que fazem o povo chorar". Simples, didático, serve à elaboração de um código de ética de tua categoria. Pois, tua notícia deturpada do embate, devotado truão, mostrou-se cômico engodo. Foi lá, teu embusteiro "truco-lento" dar com as fuças na parede. Saiu do campo laureado e enganado, pior que Pirro. Este, menos imbecil, admitiu que a vitória contra os romanos fora uma tragédia, o prólogo de sua ruína. Portanto, o exemplo da derrota também te serve. Decisivamente, ainda que te gabes, jamais superaste Paulo Francis, o bobo da corte mais destro nessas artes de sabujo-rabujo. E se cultivas alguma pretensão de hegemonia, te sugiro mover o pescocinho atrofiado. Pilantrinhas peraltas, como Mainardi e Azevedo, emparelham já contigo, disputam hidrofobicamente a suprema magistratura da bufonaria. E, percebe truão, que a dupla tonto-fascista não te fica a dever: são também inescrupulosos, traiçoeiros e carregam a poderosa energia do ressentimento, sem contar que igualmente migraram do fracasso profissional para a aventura mercenária midiática. Por fim, adorável truão, ajusta o relógio da tua soberba. Não é hora de celebrar a ignomínia convertida em comédia. Nem é momento de levantar a horda de rufiões da "ética" para cantar a vitória restauracionista. Para além dos simulacros do teu moralismo cínico, lambuzado de paroxismos impróprios, exercita-se o sabre do julgamento público, implacável, aquele cuja lâmina é afiada pelo tempo. Subiram os letreiros... Perdeste o charme. Perdeste a graça. Nota de Boca de Mídia sobre o autor: Mauro Carrara é jornalista, nascido em 1939, no Brás, em São Paulo. É o segundo filho de Giuseppe Carrara, professor de Filosofia em Bologna, e de Grazia Benedetti, uma operária e militante comunista de Nápoli. O casal chegou ao Brasil em 1934, fugindo da perseguição fascista. Mauro foi para a Itália em 1959, por sugestão do amigo dramaturgo G. Guarnieri. Em Firenze, estudou arte, ciências sociais e comunicação. De volta ao Brasil, passou dois anos na Amazônia. Ao atuar na defesa dos povos indígenas, foi preso pelo regime militar. Libertado, voltou à Itália. Como free-lancer, produziu reportagens para jornais como L’Unita e Il Manifesto. Com o primo Antonino, esteve no Vietnã, no início da década de 70. Em 1973, no Chile, juntou-se à resistência ao golpe contra Allende. No Brasil, como clandestino, aproximou-se do cartunista Henfil, cujos trabalhos traduziu para uma revista alternativa italiana. Na década de 80, prestou serviços para a ONU em países como China, Iraque e Marrocos. Nos anos 90, assessorou ONGs brasileiras, especialmente na área de Direitos Humanos. Ainda atua na área de comunicação e relações internacionais.

quarta-feira, outubro 18, 2006

O 1º Golpe Já Houve. E O 2º?

Por Paulo Henrique Amorim


Um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno .

É o que demonstra de forma irrefutável a reportagem de capa da revista Carta Capital que está nas bancas (“A trama que levou ao segundo turno ”), de Raimundo Rodrigues Pereira . E merecia um sub-titulo: “A radiografia da imprensa brasileira ”.

Fica ali demonstrado:

1) As equipes de campanha de Alckmin e de Serra (da empresa GW) chegaram ao prédio da Polícia Federal , em São Paulo , antes dos presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos ;
2) O delegado Edmilson Bruno tirou fotos do dinheiro de forma ilegal e a distribuiu a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo e da rádio Jovem Pan;
3) O delegado Bruno contou com a cumplicidade dos jornalistas para fazer de conta que as fotos tinham sido roubadas dele;
4) O delegado Bruno procurou um repórter do Jornal Nacional para entregar as fotos : “Tem de sair à noite na tevê ., Tem de sair no Jornal Nacional ”;
5) Toda a conversa do delegado com os jornalistas foi gravada;
6) No dia 29, dois dias antes da eleição , dia em que caiu o avião da Gol e morreram 154 pessoas , o Jornal Nacional omitiu a informação e se dedicou à cobertura da foto do dinheiro ;
7) Ali Kamel, “uma espécie de guardião da doutrina da fé ” da Globo , segundo a reportagem, recebeu a fita de audio e disse: “ Não nos interessa ter essa fita . Para todos os efeitos não a temos”, diz Kamel, segundo a reportagem
8) A Globo omitiu a informação sobre a origem da questão : 70% das 891 ambulancias comercializadas pelos Vedoin foram compradas por José Serra e seu homem de confiança , e sucessor no Ministério da Saúde , Barjas Negri.
9) A Globo jamais exibiu a foto ou o vídeo (clique aqui) em que aparece Jose Serra , em Cuiabá, numa cerimônia de entrega das ambulâncias com a fina flor dos sanguessugas ;
10) A imprensa omitiu a informação de que o procurador da República Mario Lucio Avelar é o mesmo do “ caso Lunus”, que detonou a candidatura Roseana Sarney em 2002, para beneficiar José Serra . ( A Justiça , depois , absolveu Roseana de qualquer crime eleitoral . Mas a campanha já tinha morrido.)
11) Que o procurador é o mesmo que mandou prender um diretor do Ibama que depois foi solto e ele , o procurador , admitiu que não deveria ter mandado prender ;
12) Que o procurador Avelar mandou prender os suspeitos do caso do dossiê em plena vigência da lei eleitoral , que só deixa prender em flagrante de delito .
13) Que o Procurador Avelar declarou: “Veja bem , estamos falando de um partido político (o PT) que tem o comando do país . Não tem mais nada . Só o País . Pode sair de onde o dinheiro ?”
14) A reportagem de Raimundo Rodrigues Pereira conclui: “Os petistas já foram presos , agora trata-se de achar os crimes que possam ter cometido.”


Na mesma edição da revista Carta Capital , ao analisar uma pesquisa da Vox Populi, que Lula tem 55%, contra 45% de Alckmin, Mauricio Dias diz: “ ... dois fatos tiraram Lula do curso da vitória (no primeiro turno ). O escândalo provocado por petistas envolvidos na compra do dossiê da familia Vedoin ... e secundariamente o debate promovido pela TV Globo ao qual o presidente não compareceu.”

Quer dizer : o golpe funcionou.

Mino Carta , o diretor de redação da Carta Capital , diz em seu blog, aqui no IG (http://blogdomino.blig.ig.com.br/), que houve uma reedição do golpe de 89, dado com a mão de gato da Globo , para beneficiar Collor contra Lula . “A trama atual tem sabor igual, é mais sutíl, porém. Mais velhaca,” diz Mino.

Permito-me acrescentar outro exemplo.

Em 1982, no Rio, quase tomaram a eleição para Governador de Leonel Brizola. Os militares, o SNI, e a Policia Federal (como o delegado Bruno, agora, em 2006) escolheram uma empresa de computador para tirar votos de Brizola e dar ao candidato dos militares, Wellington Moreira Franco. O golpe era quase perfeito, porque contava também com a cumplicidade de parte de Justiça Eleitoral e, com quem mais? Quem mais?

O golpe contava com as Organizações Globo (tevê, rádio e jornal, como agora) que coonestaram o resultado fraudulento e preparam a opinião pública para a fraude gigantesca.

Que só não aconteceu, porque Brizola “ganhou a eleição duas vezes: na lei e na marra”, como, modestamente, escrevi no livro “Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral”, editora Conrad, em companhia da jornalista Maria Helena Passos.

Está tudo pronto para o segundo golpe.

O Procurador Avelar está lá.

Quantos outros delegados Bruno há na Policia Federal (de São Paulo, de São Paulo !).

A urna eletrônica no Brasil é um convite à fraude. Depende da vontade do programador. Não tem a contra-prova física do voto do eleitor. Brizola aprendeu a amarga lição de 82 e passou resto da vida a se perguntar: “Cadê o papelzinho ?”, que permite a recontagem do voto ?

E se for tudo parar na Justiça Eleitoral? O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello já deixou luminosamente claro, nas centenas de entrevistas semanais que concede a quem bater à sua porta, que é favor da candidatura Alckmin.

E o segundo golpe? Está a caminho. As peruas da GW já saíram da garagem.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Em Todo Caso é Só Dizer: "Eu Não Sabia".

A filha de Alckmin e o contrabando na Daslu

Por Altamiro Borges*

Talvez por sua formação puritana no Opus Dei, o candidato Geraldo Alckmin gosta de se fingir de casto e imaculado. No debate da TV Bandeirantes, ele fez questão de se mostrar "indignado" com a corrupção e criticou o fato de o presidente Lula repetir que "não sabia" dos desvios de conduta no seu governo. "É só perguntar aos seus amigos de 30 anos", alfinetou o falso moralista num momento de cólera bem ensaiado.

Mas, para ser conseqüente e manter as aparências, Alckmin deveria ter se desculpado em público por ter cortado a fita de inauguração da Daslu, templo de consumo dos ricaços, hoje processada por contrabando, sonegação fiscal e outras crimes. "Eu não sabia", deveria ter tido. Também poderia pedir desculpas por sua filha, Sophia Alckmin, ter sido gerente de compras nesta loja de contrabandistas. "Eu não sabia". E ainda deveria explicar porque os diretores da Daslu, sempre acompanhados de sua filha, reuniram-se com o secretário da Fazenda do seu governo, Eduardo Guardia. "Eu não sabia". Entre uma pregação do Opus Dei e sua agenda de governador, talvez não tenha tido tempo para acompanhar os negócios de sua filha!

Alckmin chegou de helicóptero

A nova loja da Daslu, um prédio de quatro andares e 20 mil metros quadrados, situada num bairro nobre da capital, foi inaugurada em junho de 2005. A colunista Mônica Bérgamo, do jornal Folha de S.Paulo, descreveu a festança dos ricaços com ares de ironia. "E soam os violinos da Daslu Orchestra, formada por 50 músicos. São 12 horas de sábado. Alckmin, que chegou ao prédio de helicóptero, desfaz a fita. 'A Daslu é o traço de união entre o bom gosto e muitas oportunidades de trabalho', diz. Só para a família Alckmin são duas: trabalham lá a filha [diretora de novos negócios da butique] e a cunhada dele, Vera".

Ainda segundo a picante crônica de Mônica Bérgamo, "Sophia puxa o pai pelo braço: começa o tour pela Daslu. Primeiro piso, importados femininos. Alckmin entra na Chanel, onde um smoking de veludo preto é vendido a R$ 22.600, uma sandália de cetim, gurgurão e pérolas sai por R$ 2.900 e uma bolsa multipocket, por R$ 14.000. As vendedoras informam que há mais de 50 pessoas na fila em São Paulo para comprar o mimo, até baratinho se comparado à bolsa Dior de couro de crocodilo, de R$ 39.980, e à mais cara Louis Vuitton, com pele de mink: R$ 23 mil".

"Vou colocar um jeans"

"Sophia leva o pai até o segundo pavimento. Mostra um helicóptero pendurado no teto. 'Que lindas as motos, Sô', diz Lu Alckmin à filha ao ver, encostada perto da escada, uma moto Harley Davidson (R$ 195 mil). Alckmin entra na Ermenegildo Zegna, passa pela Ralph Lauren, onde uma camiseta pode custar R$ 2.460. 'É tudo muito colorido aqui', observa. Os carros chamam a atenção do governador. Estão em exibição um Volvo de R$ 365 mil, lanchas de R$ 7 milhões, TVs de plasma de R$ 300 mil".

"O governador começa a fazer o caminho de volta. Os repórteres perguntam a Lu Alckmin: A senhora está de bolsa Chanel. E a blusa? 'É Burberry', responde Lu. 'Gosto de peças clássicas'. O governador, que diz comprar só 'umas camisas' na Daslu, aperta o passo. Ainda vai a Carapicuíba. E Lu tem que correr para o Palácio dos Bandeirantes. Precisa se trocar, 'colocar um jeans', para outro compromisso: um evento na Água Branca em que caminhões de vários bairros entregarão agasalhos doados para as crianças pobres da cidade enfrentarem o inverno que se avizinha", conclui, sarcástica, Mônica Bérgamo.

"Uma organização criminosa"

Poucos meses depois do ex-governador cortar a fita inaugural da Daslu, um antigo processo judicial contra os donos da butique de luxo finalmente ganhou agilidade. No final de dezembro, a juíza Maria Isabel do Prado, da 2a Vara de Justiça Federal de Guarulhos (SP), recebeu os livros contábeis e fiscais da loja. Para ter acesso a estes documentos, a juíza chegou a ameaçar de prisão a dona da butique, Eliana Tranchesi, o seu irmão Antonio Carlos Piva e os responsáveis pela contabilidade do estabelecimento.

Tais papéis comprovaram a denúncia do Ministério Público Federal de que a Daslu atua em conluio com importadoras para substituir notas fiscais fornecidas por grifes estrangeiras por notas falsas subfaturadas. Com base nos livros fiscais e contábeis, Eliana e seu irmão foram acusados de formação de quadrilha, importação irregular e falsidade ideológica. No caso da influente proprietária, a soma de penas por estes crimes chega a 21 anos de prisão. Segundo Jefferson Dias, procurador da República, a Daslu agia como uma quadrilha. "Trata-se de uma organização criminosa pela hierarquia e a divisão de tarefas que existia".

Devido aos seus estreitos vínculos com figurões da elite e autoridades do governo estadual, a trambiqueira de luxo sequer tomou os cuidados que outros sonegadores costumam adotar. "A sensação de impunidade fez com que eles se descuidassem e a situação ficou descontrolada", argumenta Matheus Magnani, outro procurador envolvido na apuração. Eliana Tranchesi participava diretamente do esquema ilícito, chegando a enviar aos fornecedores estrangeiros pedido em inglês para que eles não remetessem faturas verdadeiras dos produtos. A proprietária ainda foi acusada de crime contra a ordem tributária e evasão de divisa.

ACM chorou e Bornhausen esbravejou

Diante destas graves acusações e da tentativa de ocultar provas, em 13 de junho de 2006, a Polícia Federal acionou a Operação Narciso e ocupou a Daslu com 250 agentes e 80 auditores fiscais. A inédita operação foi elogiada pela sociedade, mas os ricaços, a mídia e vários políticos da elite fizeram um baita escândalo. A asquerosa revista Veja chegou a afirmar que a ação da PF era uma jogada do governo Lula para abafar a crise política. O senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, criticou o "revanchismo". Já o coronel Antônio Carlos Magalhães, assíduo freqüentador da loja, chorou ao falar ao telefone com a contraventora detida por algumas horas. E a poderosa Federação da Indústria de São Paulo convocou um ato de repúdio.

O líder do PSDB, deputado Alberto Goldman, foi quem explicitou a forma de agir da burguesia. Para ele, "essa prisão pode gerar uma crise econômica. O empresário vai dizer: para que vou investir no Brasil se posso ser preso?". Ou seja: na concepção tucana, só quem pode ser preso no país é o ladrão de galinha! O empresário que sonega imposto, remete ilegalmente dinheiro ao exterior ou comete outros crimes não pode ser tocado e ainda conta com a ajuda de certos políticos - que depois serão recompensados nas suas campanhas. O escândalo da Daslu explicitou que a corrupção é regra no mundo dos negócios capitalistas.

Reuniões na Secretaria da Fazenda
A Operação Narciso também levantou fortes suspeitas sobre a atuação do governador Geraldo Alckmin, que havia inaugurado o mega-loja de luxo na capital paulista. Na ocasião, a mídia destacou o fato da sua filha, Sophia Alckmin, ser uma prestigiada "dasluzete", responsável pelo setor de novos negócios da loja. No rastro da ação da PF, surgiram denúncias de que esta influente funcionária já havia se reunido com o secretário da Fazenda de São Paulo, Eduardo Guardia. O governo negou e a mídia preferiu o silêncio!

Mas, convocado para depor na Assembléia Legislativa, Guardia admitiu que a filha de Alckmin estivera na sede da secretaria junto com outros chefões da Daslu em, pelo menos, duas vezes no primeiro semestre de 2005. As visitas ocorreram exatamente no período em que loja solicitou autorização da Fazenda para instalar um sistema de vendas com caixa único, algo pouco usado no país e mais vulnerável à sonegação. O secretário negou qualquer "concessão de privilégios", mas gaguejou ao explicar a visita da "ilustre" filha do governador. Uma auditoria especial do Tribunal de Contas foi solicitada para averiguar o caso.

Para Renato Simões, deputado estadual do PT, não resta dúvida sobre os vínculos do ex-governador com a Daslu. "Os líderes da bancada governista primeiro negaram a presença da filha do Alckmin na Fazenda. O secretário, por sua vez, confirmou a ida. Isso significa que houve uma tentativa de usar o nome da filha do governador para agilizar a tramitação do processo do caixa único". A tucanagem paulista, que hoje tenta posar de vestal da ética e adora ostentar o luxo desta butique das trambicagens, deve uma explicação à sociedade. A mídia venal, que evita tratar do assunto com o destaque que ele merece, também! Já o presidenciável Geraldo Alckmin, caso seja acuado, poderá dizer: "Eu não sabia".

* Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro Encruzilhadas do Sindicalismo (Editora Anita Garibaldi).

Chumbinho de Espalho

Por Mauro Santayana

No debate da Band, o autoritarismo totalitário de Alckmin se revelou, de forma cristalina, na crítica que fez à política externa do governo. Queria, por acaso, o ex-governador, que Lula enviasse força expedicionária à Bolívia, a fim de retomar o controle das instalações da Petrobras?

Em 1989, logo depois da visita a Roma de Lula e de Fernando Collor, perguntei a veterano político italiano, que estivera com os dois, qual fora a sua impressão de um e do outro.
"Bem" – me disse – "ambos me pareceram verdes, se pensamos nos políticos europeus. Mas Lula me pareceu boa matéria prima para se construir um estadista. Collor já está feito em sua vocação. É um cover-boy. Um belo garoto-propaganda de si mesmo.
"Lembrei-me disso, ao assistir ao debate de domingo (8) entre Geraldo Alckmin e Lula, antes mesmo que Marta Suplicy se referisse ao ex-governador de São Paulo como "boneco de plástico". O Sr. Geraldo Alckmin estava visivelmente contrafeito em agir como se fosse ventríloquo de seus aliados do PFL, ao convocar Lula para a agressividade.
Não era o seu estilo, não era a sua conveniência. Cedera às pressões dos oligarcas do Nordeste que têm, além do desejo de poder, razões mais fortes para detestar Lula: o sertanejo de Pernambuco iniciou o processo de aposentadoria política desses senhores de engenho, para os quais – conforme a forte definição de Antonio Callado – a honra familiar e o banheiro só podem existir na casa grande.
O presidente relutou, insistiu em elevar o debate, mas foi obrigado a responder com ironia às provocações do adversário. Uma coisa ficou clara: o médico se comportou como um valentão de bar – ao chamar Lula de mentiroso – e o metalúrgico se manteve com elegância. Não devolveu a Alckmin os insultos, e se esquivou dos ataques de ordem pessoal. Não tocou em assuntos que embaraçariam o seu oponente, como o caso da Daslu e o caso dos vestidos. Enfim, Lula se manteve como um cavalheiro.
O autoritarismo totalitário de Alckmin se revelou, de forma cristalina, na crítica que fez à política externa do governo. Queria, por acaso, o ex-governador, que Lula enviasse força expedicionária à Bolívia, a fim de retomar, manu militari, o controle das instalações da Petrobras? Se fosse presidente da República, Alckmin declararia guerra a La Paz? Repetiria, contra os índios do Altiplano, o ódio de Pedro II contra o os paraguaios, pelo fato de o ditador Solano López ter ousado insinuar a intenção de casar-se com uma das filhas do imperador? Nesse ponto, a postura do atual presidente foi a mais correta. Tratou de mostrar os êxitos inegáveis da política externa, confirmados pelo saldo dos balanços comerciais e de pagamentos. E respondeu, de forma irretorquível, com o acerto de sua política ao admitir a importação de produtos da China: o saldo comercial é superavitário para o Brasil.
Lula disse a Alckmin que ele não poderia resolver em quatro anos os problemas criados por "eles" em quatro séculos. Alckmin respondeu que o PSDB não existe há 400 anos, e não houve tempo para que Lula retorquisse, esclarecendo que "eles" não são o PSDB, mas todas as oligarquias brasileiras, que vêm dominando o país desde que Tomé de Sousa chegou à Bahia.
É interessante registrar uma curiosidade. Se Alckmin foi eleito vereador aos 19 anos, antes de concluir seu curso de medicina, se foi, em seguida, eleito prefeito e, depois, deputado – quando foi que sua excelência exerceu a medicina em tempo integral, a ponto de dizer a Lula que ele entende de saúde e o presidente, não? Como se sabe, Alckmin é anestesista – especialidade que, em alguns países, é vista apenas como técnica auxiliar na cirurgia.
Lula tem munição na cartucheira para abater elefantes. Por enquanto, pelo que se viu e ouviu, usou só chumbinho de espalho. Mas, nos próximos debates, se o adversário continuar nos ataques rasteiros, o presidente pode acionar a sua bazuca.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

Não é Possível Negar a Natureza

Uma vez o escorpião chegou à beira de um rio. Como não sabia nadar, pediu ajuda ao sapo, para que o ajudasse a atravessar o curso d’água. O sapo conhecia bem o escorpião e se recusou a transportá-lo, dizendo: “acha que sou louco, você vai se aproveitar para me picar”.O escorpião respondeu: “se eu picar você, ambos morreremos, pois não sei nadar e morrerei afogado”. O sapo considerou o argumento consistente e concordou em levar o escorpião até o outro lado. Porém, quando estavam mo meio da travessia, o escorpião picou as costas do sapo. O veneno logo começou a fazer efeito e os dois animais começaram a afogar. Antes de morrer, o sapo ainda teve tempo de perguntar: “você também vai morrer, porque me picou”?
“Não resisti”, disse o escorpião, “pois essa é a minha natureza”.
Esta história explica a recente posição de Alckmin, que afirma não pretender privatizar no seu governo. Ele quer atravessar o rio, para se eleger presidente do Brasil. Depois de eleito, sua natureza neoliberal vai falar mais alto. É bom lembrar que poucos dias antes de deixar o governo paulista, para iniciar a sua campanha a presidente, Alckmin tentou privatizar discretamente a Nossacaixa, uma medida que seria altamente lesiva ao erário do Estado de São Paulo. Cláudio Lembo, que se tem revelado um político muito mais sério do que Alckmin, impediu a manobra e preservou o patrimônio do povo paulista.

O Amor do Meu Voto

por Inácio França [16/10/2006]
Eduardo Maretti Para se chegar a Olivedos (PB) de carro é preciso entrar à direita numa estrada de terra, 30 minutos depois de Campina Grande (PB). Pouco mais de 3.300 pessoas vivem no município, a maioria em modestas casas construídas ao redor da pequena igreja matriz, pintada de amarelo. A caatinga que marca a paisagem dos Cariris Velhos, agreste paraibano, começa já no quintal das casas.Numa viagem profissional às vésperas do feriado, passei algumas horas na cidade, tempo suficiente para cumprir a tarefa de acompanhar uma avaliação da gestão das políticas sociais do município. Tempo suficiente para as explicações racionais e ideológicas, que justificaram meu voto em Lula no primeiro turno, perdessem sentido.Em Olivedos, pressenti que meu voto em Lula no segundo turno será um momento de intensa emoção. Um voto carregado de orgulho, um voto com amor.Isso tudo porque cheguei cedo à cidade, uma hora antes do previsto. Aproveitei, então para perambular e conversar com algumas pessoas que participariam da reunião. Logo me chamou a atenção o movimento diante de uma casinha pintada de verde, na verdade, uma espécie de garagem, com apenas um cômodo. Em fila diante dela, alguns homens simples, ao lado de jumentos que carregavam nas laterais aquelas enormes garrafas de alumínio para transportar leite. Dentro do imóvel, um enorme tanque, da altura de um homem adulto, com uns aparelhos modernos e um painel digital, algo improvável numa casinha simples, cercada de mandacarus, xique-xique, juremas e algarobas.Uma senhora, que se apresentou como presidente da “associação”, explicou que aquele tanque era refrigerado, garantia a conservação do leite até meio-dia, quando um caminhão de uma empresa levava o alimento para a fábrica, em João Pessoa. Com a venda do leite, cada um dos pequenos criadores, donos de minúsculos lotes de terra e três ou quatro vacas, fatura até R$ 550,00 por mês. Até o ano passado, a principal fonte de renda dessas pessoas era o dinheiro da aposentadoria, um salário-mínimo, recebido geralmente pela pessoa mais velha da família.Antes, esses criadores só tinham uma saída: percorrer a cidade em seus jumentos, vendendo diretamente para os moradores por R$ 0,30 cada litro. Às 10h, por causa do calor, o leite começava a estragar. O desperdício era grande. Hoje, a empresa paga R$ 0,70 por litro, dos quais R$ 0,05 fica na associação para pagamento dos impostos e do salário do rapaz que recebe o leite e faz os exames para controlar a pureza do alimento, antes de colocá-lo no tanque refrigerado.O tanque foi comprado com recursos do micro-crédito de um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O rapaz aprendeu a testar a pureza do leite num curso na capital, pago com recursos federais.Na mesma rua da garagem onde funciona a cooperativa de leite, está a Escola de Ensino Fundamental Monsenhor Stanislaw. Orgulhosa, uma funcionária da prefeitura me leva para conhecer as obras do auditório da escola, que está sendo construído no lugar de um galpão cujo teto já ameaçava os alunos. A obra também parece improvável naquela cidade: o auditório terá capacidade para 300 pessoas, 10% da população da cidade, e está sendo construído em forma de anfiteatro, com poltronas confortáveis que já chegaram e estão guardadas, prontas para serem instaladas. “Quando o auditório, ficar pronto os meninos da banda de Pífanos e do coral vão ter onde se apresentar”, antecipa a funcionária.Perguntei de onde veio o dinheiro, a senhora se espantou, respondendo quase indignada com tamanha ignorância: “do Ministério da Educação”.Mais adiante, buracos abertos no calçamento de paralelepípedos, na área em torno do colégio. A funcionária, grávida de oito meses, informou que aquelas eram obras do saneamento e da rede de esgotos. Segundo ela, até o final de 2007, Olivedos estará 100% saneada. Antes que eu fizesse mais outra pergunta besta, ela foi logo dizendo que o dinheiro veio do Ministério das Cidades.À tarde, depois da avaliação, se desculparam porque eu não poderia conhecer o prefeito. “Josa (esse é o apelido do prefeito Josimar) foi em João Pessoa assinar um convênio para conseguir mais cisternas e banheiros pro pessoal da zona rural.” O convênio foi assinado na Fundação Nacional de Saúde, que já custeou a construção de dezenas de outras cisternas e banheiros que funcionam com água da chuva, captada por calhas, assim como as cisternas.A caminho do Recife – onde vivo a mercê do noticiário da TV e da ótica de amigos que recebem salários razoáveis, vivem em apartamentos como o meu, com banheiros confortáveis, em ruas asfaltadas de classe média e filhos estudando em imensos colégios particulares – avaliei o quanto esses Brasis não se relacionam, não se conhecem. Compreendi o tamanho do abismo que nos separa e quanto está sendo feito para reduzir essa distância.E entendi os motivos do ódio e da mobilização daqueles que sempre tiveram livre acesso ao dinheiro que corre nas veias do Governo Federal. Mais do que saber a origem do dinheiro, o que as elites brasileiras querem mesmo é mudar o destino do dinheiro, Afinal, para assegurar crédito para latifundiários e empresários (que nunca pagam o que conseguem nos bancos públicos), é necessário deixar de lado a construção de mais cisternas, novos auditórios em escolas sem estrutura, rede de esgotos e a ajuda para cooperativas de leite.Mas, finalmente, compreendi porque os moradores de Olivedos se referem ao presidente da República como alguém da família. Luís Inácio Lula da Silva, para os olivedenses, é o “nosso Lula”. O Governo Federal está tão perto que o presidente é íntimo de todos eles.

O Povo Perder?

NEM COM CANHÕES!


Por Paulo da Vida Athos.



Nada do que estou vendo agora do que fazem contra Lula me surpreende.

Tenho boa memória, senhoras e senhores, assim como sei que o povo tem. Não me preocupo com Lula que está mais que calejado quanto às armações e esperneio dessa elite desavergonhada que sempre tentou lhe colocar cabresto.

Isso é história antiga. Nunca aceitaram sua liderança. Apenas a reconheceram e tentam, desde então, liquidá-la. Afinal, como a classe dominante aceitaria silente que um membro da classe operária a ela não se submetesse? Pior, ainda tivesse a audácia de pensar um partido político da classe operária? Inaceitável!

Por isso o prenderam várias vezes. Mas a prisão que mais deixou clara a razão do preconceito da sociedade autoritária, elitista e fechada para com sua liderança, foi a de abril de 1980, diante da concordância e apoio do sr. Luís Eulálio Bueno Vidigal, que disputava naquele momento a presidência da toda poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a FIESP, sepulcro das esperanças dos ideais do trabalhador brasileiro e das riquezas nacionais. Em entrevistas à imprensa, Vidigal assumia como natural o seqüestro e a prisão de Lula.

Talvez o maior erro dos estrategistas da elite, que então tinham ainda sob jugo a Democracia, foi julgar que com sua prisão, tornando-o tão refém quanto a democracia brasileira, liquidariam sua liderança e seu carisma e, de lambuja, nossos sonhos e nossa esperança.

Lula, de porta em porta das fábricas do ABC, foi impondo condições que atendiam aos anseios do proletariado, dos trabalhadores que aglutinou em torno de si, baseado em idéias e ideais de justiça social.

No início, apenas Lula acreditava. Ele, e uns poucos. Mas ao verem a onda crescer, e o conteúdo da luta sindical que Lula liderava (que estava presente em outras democracias capitalistas), do alto de sua empáfia o sr. Luis Eulálio Vidigal e seu então inexperiente ministro do Trabalho, Murilo Macedo lamentavam a “politização” da luta.

Lula foi libertado e sua luta continuou. Ele queria mesmo, e conseguiu politizar a luta por justiça social de onde se origina a luta por conquistas trabalhistas, da qual é apenas um dos ramos.

Hoje, décadas depois, Lula presidirá o Brasil pela segunda vez. A elite está hidrófoba! “Como é que pode aquele barbudo analfabeto e sem um dedo conseguir todas as conquistas durante seu primeiro governo?, vociferam, olhos esbugalhados de ódio, mais incrédulos que no passado.

Simples, senhores: com luta e honestidade.

Se há tantos escândalos envolvendo políticos, o povo agradece! As coisas não são como no tempo dessa corja derrotada pelo povo, quando escondiam tudo. Lula quer tudo apurado, doa a quem doer!

E, certamente, dói mais na elite...

Hoje colocam Lula como alvo da mídia para liquidá-lo como líder, fazendo sórdidas campanhas difamatórias, o que é imperdoável.

Tentam iludir o povo para mais uma vez tangê-lo como gado e dele saquear as conquistas alcançadas no governo Lula, o que é impossível!

Ensaiam o golpe...

Esse seria o mais boçal dos erros de cálculo da elite.

A indignação popular ante o arbítrio de traços neofascista dessa elite insaciável, nessa quadra do tempo, senhores e senhoras, não seria abafada.

Nem por canhões!

Porque Eu Vou Votar No Lula

Por Ziraldo.
Segundo o Mauro Santayana, que não nasceu em Minas - como o Itamar, que nasceu no mar -, mas é uma instituição mineira, a gente tem que ter muito cuidado com paulista. É claro que estou tratando a coisa como uma brincadeira, somos todos brasileiros (meus seis netos nasceram em São Paulo, a esposa do meu filho e os maridos de minhas filhas são paulistas e estou muito feliz com essa arrumação). Como em nossa História, porém, nós, mineiros, andamos de pinimba revolucionária com a paulistada, as lendas correm soltas. Os cariocas diziam que mineiros compravam bondes. Compravam, sim, confirmam alguns mineiros mais espertos; mas pra vender pra paulistas. Conta-se também que mineiros nunca se importavam de ver seus times sempre perdendo para os times paulistas. E explicavam: "Futebol nós perde; o que nós num perde é revolução." Segundo o Mauro, que explica como a frase que vou citar surgiu "história da qual me esqueci ", a rapaziada de Minas mais próxima da fronteira com São Paulo avisa pro resto da mineirada: "Paulista, nem à prazo nem à vista!" Taí o Fernando Henrique Cardoso que não deixa a mineirada mentir, não é mesmo, Itamar? Bem, depois de ler esta introdução e ver lá em cima o título do artigo, os mineiros que me leêm neste instante e para quem um pingo é letra já perceberam onde quero chegar. Pra simplificar, antes de entrar em considerações é só lembrar ao meu povo - mineiro, como vocês sabem, chama o povo lá de casa de povo - que nós, o Brasil inteiro, ficamos, a esta altura, entregues a duas possibilidades paulistas: ou entra o Álck¿min (cujo sobrenome é um desrespeito a Minas, terra dos alquimíns de Bocaiuva) ou entra o Lula que, no fundo, é um metalúrgico paulista que venceu na vida. Nunca podemos nos esquecer de que, quando FHC assumiu, o projeto deles era o de ficar 20 anos no poder. Dentro do plano, tiveram a cachimônia (adoro esta palavra!) de inventar o acontecimento mais antiético da história da República brasileira: a reeleição. Ela foi um sujo golpe às instituições, uma medida que nem os militares da ditadura tiveram a coragem de perpetrar, realizada em causa própria ¿ com o principal beneficiário no poder ¿ e conseguida da maneira mais desonesta de que se tem notícia: comprando, por preço nunca sabido, o voto dos deputados que, sem que a imprensa brasileira se escandalizasse ao nível do que se escandaliza hoje, começavam a desmoralizar mais ainda o nosso tão desmoralizado Congresso. Tudo começou com essa gente. E eles querem voltar ao poder. "Non pasarán!" - os mineiros têm a obrigação de dizer. A trajetória política do Lula serviu para provar que a alma humana é que atrapalha todos os mais nobres planos de salvação de um povo. A verdade é que ninguém, mas ninguém mesmo, ama o povo. É tudo conversa. As pessoas se movem em torno do poder e só depois é que descobrem uma causa para justificar sua luta por ele (o poder). Enquanto o ser humano, como indivíduo, mover-se em função do rancor, da carência afetiva e da inveja, não haverá possibilidade de êxito para qualquer causa coletiva. Mas isso é outra história. O Luis Fernando Veríssimo descobriu a pólvora: Lula é o sertão - vejam sua vitória no Norte e Nordeste; na alma do povo ele é mais de lá do que de São Bernardo - e o Alckmin é da Daslu. Delenda Daslu! Não é possível que nós, mineiros - depois de termos cometido o erro que o Itamar cometeu, este de inventar essa deletéria figura do Fernando Henrique - vamos agora eleger o Alckmin. "Um erro, nós admitimos, dois, não." - como diria o macaco que não devolveu o troco a mais na primeira compra e exigiu o troco a menos na segunda. Tenho certeza de que o Aécio está no palanque apoiando o Alckmin por uma questão de lealdade ao seu partido - onde ele me parece um estranho no ninho, mas já que está lá... - e não por convicção. Ele sabe que Lula tem que ganhar disparado em Minas neste segundo turno para evitar que Alckmin assuma a presidência e mele o projeto nacional de ter o Aécio como presidente do Brasil no próximo pleito. Então, é isto: o Aécio está falando que é pra gente de Minas votar no Alckmin. Mas, todo mineiro sabe que isto é como aquela velha anedota da rodoviária: "Ocê tá dizendo que vai pra Manhuaçu pra eu achar que ocê vai pra Manhumirim, mas, ocê vai é pra Manhuaçu, mesmo". Ou seja, ele tá dizendo pra nós votá no Geraldo, mas é pra nós votá no Lula, mesmo. Para aplacar a consciência dos possíveis eleitores do Lula que não votarão nele com muita alegria, prestem atenção: independente das razões que dei até agora pra nós, mineiros, votarmos no Lula, tenho outras razões mais consistentes. Todo mundo fala do escândalo da corrupção no governo Lula. É realmente assustador, nunca vimos pessoal mais incompetente, mais desastrado, mais canhestro e - vamos lá - mais desonesto. Quer dizer, mais desonestos já vimos, sim. É só lembrar que a maioria dos escândalos que são atribuídos a estes melancólicos sindicalistas da tropa do Lula, esses peleguinhos de quinta ordem, sempre foram frequentes em administrações anteriores, só não tiveram tanta visibilidade como têm agora. Muitos dos escândalos que se creditam à administração Lula começaram no governo anterior, como o escândalo dos sanguessugas - cujo teor de gravidade pode ser medido pelo valor atribuído ao dossiê que o denuncia - e a fabulosa aventura do Marcos Valério. Agora tudo se denuncia, tudo se apura, ainda que tudo vá ficar por isso mesmo, mas vejam um detalhe: a turminha do Lula, meus amigos, é descartável! Eles são ladrõezinhos de m. dos quais o país pode se livrar com um peteleco. Vai ser fácil ficar livre deles. O que nós nunca conseguiremos é livrarmo-nos da oligarquia brasileira, dos bornhauses da vida, dos jereissatis, dos ACMs, dos ricos paulistas que já tiveram a coragem de confessar: "Somos todos corruptos!" É essa gente que herdou as capitanias hereditárias e que está montada no povo desde que os portugueses chegaram aqui. É essa gente que construiu a parte indecente da história do nosso país. É essa gente que fala em ética, mas acha que aceitar voto de qualquer um é correto. É essa gente farisaica que pensa que é melhor do que o povo do Lula. Mas, não é. Temos que dar mais uma chance a este segmento da sociedade que chegou ao poder com o Lula. Eles estão sendo minados o tempo todo, mas, pelo menos, são outra gente. Não quero de volta os hipócritas da paulicéia desvairada. Prefiro o messianismo sertanejo do Lula.

Viva Nosso Imprensalão!!??

ESCÂNDALO: REVISTA REVELA CONLUIO DA IMPRENSA PARA PREJUDICAR LULA E O PT
Sábado, Outubro 14, 2006 :::

Reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana revela o submundo da trama armada por um delegado da Polícia Federal, em conluio com alguns dos principais veículos de comunicação do país - entre eles a TV Globo e os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo - para prejudicar o PT e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às vésperas do primeiro turno. A revista conta em detalhes como os meios de comunicação omitiram as informações de como o delegado Edmilson Pereira Bruno obteve e repassou, aos próprios jornalistas, as fotos do dinheiro apreendido com duas pessoas ligadas ao PT num hotel de São Paulo. Bruno chegou a confessar sua ação criminosa aos repórteres, afirmando que irá forjar um roubo para justificar o fato de a imprensa estar de posse das imagens. Embora a confissão tenha sido gravada em áudio, sem que ele soubesse, nenhum veículo a publicou. Alguns - como a Folha e o Estadão - ainda produziram textos procurando inocentá-lo pelo vazamento das fotografias. Leia abaixo os trechos iniciais da matéria, transcritos pelo site do PT. A reportagem completa está na revista que começou a chegar nesta sexta-feira (13) às bancas; OS FATOS OCULTOS A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno Por Raimundo Rodrigues Pereira Pode-se começar a contar a história do famoso dossiê que os petistas teriam tentado comprar para incriminar os candidatos do PSDB José Serra e Geraldo Alckmin pela sexta-feira 15 de setembro, diante do prédio da Polícia Federal, em São Paulo. É uma construção pesada, com cerca de dez pavimentos, de cor cinza-escuro e como que decorada com uma espécie de coluna falsa, um revestimento de ladrilho azul brilhante, que vai do pé ao alto do edifício, à direita da grande porta de entrada. Dentro do prédio estão presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, ligados ao Partido dos Trabalhadores e com os quais foi encontrado cerca de 1,7 milhão de reais, em notas de real e dólar, para comprar o tal dossiê. Mas essa notícia é ainda praticamente desconhecida do grande público. É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo, estaciona uma perua da Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra. Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha, da TV Bandeirantes. E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca comentários. Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas. A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher. As duas pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou para a Globo, avisando do que se passava na PF. E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma fonte no Ministério da Justiça disse a Carta Capital que as equipes da GW chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia. Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o primeiro a anunciar a prisão dos petistas. Pode ser que sim, o que apenas leva à pergunta mais para a frente: quem avisou Cláudio Humberto? Mesmo sem ter a resposta, continuemos a pesquisar nessa mesma direção: a de procurar saber a quem interessava a divulgação da história do dossiê e como essa divulgação foi feita. Para isso, voltemos à região do prédio da PF duas semanas depois. É 29 de setembro, vésperas da eleição presidencial, por volta das 10h30 da manhã. Sai do prédio da PF na Lapa de Baixo o delegado Edmilson Pereira Bruno,m 43 anos, que estava de plantão no dia 15 e foi o autor da prisão de Valdebran e Gedimar. Ele convida quatro jornalistas para uma conversa: Lílian Cristofoletti, da Folha de S.Paulo, Paulo Baraldi, de O Estado de S.Paulo, Tatiana Farah, do jornal O Globo, e André Guilherme, da rádio Jovem Pan. Bruno quer uma conversa reservada e propõe que ela seja feita a cerca de um quarteirão dali, na Bovinu¿s, uma churrascaria. Um dos jornalistas argumenta que ali ¿só tem policial¿. O grupo acaba conversando perto da Faculdade Rio Branco, que não se avista da frente da PF, mas é também ali por perto. Ficam na rua mesmo. O delegado não sabe, mas sua conversa está sendo gravada. Bruno diz que quer passar para os jornalistas cópia das fotos do dinheiro apreendido com os petistas, que estavam sendo procuradas há muito, por muita gente. Leva um CD com as imagens; 23 fotos; e três CDs em branco para que eles copiem as imagens de modo a que cada um tenha uma cópia. Fala que eles devem dizer "alguém roubou e deu para vocês", para explicar o aparecimento das fotos. Diz que ele próprio vai dizer coisa parecida a seus chefes na PF, que os jornalista é que roubaram: "Doutor, me furtaram. Sabe como é que é, não dá para confiar em repórter". Recomenda que as fotos sejam editadas em computador com o programa Photoshop para tirar detalhes, como o nome da empresa na qual as cédulas foram fotografadas,a fim de despistar a origem do material. Algumas pessoas têm a fita de áudio com a conversa do delegado Bruno com os quatro repórteres. Mais pessoas ainda a ouviram. Uma delas é o repórter Luiz Carlos Azenha, que tornou público vários de seus trechos no seu site pessoal na internet "Vi o mundo, o que nunca você pode ver na tevê" ( http://viomundo.globo.com/). Azenha, que é repórter da TV Globo, não quis dar entrevista a Carta Capital. Pediu para que se procurasse a emissora. Para o que mais interessa ao desenrolar da nossa história, dos trechos da fita, deve-se destacar a preocupação de Bruno em fazer com que as fotos chegassem no dia ao Jornal Nacional. "Tem alguém da Globo aí?", pergunta ele. Um dos quatro responde: 'Não é o Tralli? O Tralli está muito visado", Bruno diz, referindo-se a César Tralli e ao incidente, conhecido de muitos, de esse repórter da TV Globo ter podido acompanhar, praticamente disfarçado de Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf. Mas a preocupação principal de Bruno é a que ele reitera nesse trecho: "Tem de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional". As fotos são divulgadas, como veremos no capítulo seguinte, com imenso destaque, no dia 29, vésperas das eleições, repita-se, no JN. Mas não apenas no JN. Veja-se a Folha de S.Paulo, por exemplo, Lá também a divulgação foi, pelo menos na opinião de alguns, espetacular: "Que primeira página mais linda, a de 30/9. É por isso que eu não consigo me separar da Folha", escreveu o leitor Euclides Araújo, no dia seguinte. "A glosa, a irreverência, a fina ironia falaram mais alto, mostrando aquela montanha de dinheiro em cima e, embaixo, Lula, sendo abraçado por uma mão morena e cobrindo o rosto, como se fosse um meliante, conduzido ao distrito, tentando esconder a identidade. O que eles querem, o Pravda ou o Granma? Valeu, Folha!" A Folha publicou, com grande destaque na primeira página, a foto na qual o dinheiro está empilhado de forma que as notas apareçam com a frente voltada para cima, que é a que mais dá a impressão da "montanha de dinheiro" citada pelo admirador do jornal. E não divulgou que as fotos lhe tinham sido passadas por um policial visivelmente emprenhado em fazer com que elas tivessem um uso político claro, de interferir no pleito de 1º de outubro. A Folha também tinha a fita de áudio, que foi levada por sua repórter. A editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis responder por que omitiu as informações dessa fita, a nosso ver tão relevantes. Alguns dos quatro repórteres que receberam as fotos do delegado Bruno, ouvidos para esta matéria, disseram em defesa da tese de que o áudio não deveria ser divulgado, com o argumento de que o jornalista deve preservar o sigilo da fonte, com o que concordamos. Mas perguntamos a Eleonora: por que ela não deu a informação de que se tratava de uma intervenção política no processo eleitoral, publicando os trechos da fita de áudio, que tornam isso explícito, mas sem citar o nome da fonte? O mais curioso, para dizer o mínimo, é que a Folha publica, junto com as fotos do dinheiro, uma matéria ("Imagens foram passadas em sigilo à imprensa") na qual conta o que o delegado Bruno disse depois, na tarde do mesmo dia 29, ao conjunto de jornalistas, na frente da PF. No texto, assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã, se diz: "O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, que o CD com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF - e que ele estava sendo injustamente acusado de ter repassado o material aos jornalistas". Pergunta-se: qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a tentar enganar a própria imprensa? O Estado de S.Paulo do dia 30 publica a mesma foto, das notas em posição de sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda mais incrível, também para dizer o mínimo. O texto é praticamente uma diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. Diz que a publicação das fotos é a abertura "de um segredo que o governo Lula mantinha a sete chaves". Diz que o dinheiro vinha de quem "pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas". É também uma espécie de defesa do delgado Bruno, em favor do qual são ditas algumas mentiras. O texto diz que as fotos foram feitas por ¿um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin)", na sexta-feira dia 15 de setembro. E que o delegado Bruno comandou uma perícia nas notas, a serviço da Polícia Federal, na sala da Protege AS, Proteção de Transporte de Valores, em São Paulo. De fato, como se saberia no mesmo dia 30 em que o texto de Macedo e Baraldi sai publicado, as fotos foram feitas pelo próprio delegado Bruno, depois de enganar os peritos que analisavam as notas, dizendo-se autorizado pelo comando da PF. Pela infração, o delegado está sendo investigado por seus pares. Tanto o Estado como a Folha dividem a primeira página do dia 30 entre a notícia das fotos do dinheiro e uma outra informação espetacular: a da queda do Boeing de passageiros da Gol com 154 pessoas, depois de um choque com o Legacy da Embraer, o jatinho executivo a serviço de empresários americanos. No dia 29, no Jornal Nacional, da Globo, no entanto, não há espaço para mais nada: a tragédia do avião da Gol não entra; o noticiário eleitoral, com destaque para a foto do dinheiro dos petistas, é praticamente o único assunto. É uma omissão incrível. O Boeing partiu de Manaus às 15h35, hora de Brasília. Deveria ter chegado a Brasília às 18h12. Quando o JN começou, a notícia do desastre já corria o mundo. No site Terra, por exemplo, às 20h10 uma extensa matéria já noticiava que o avião da Gol havia desaparecido nas imediações de São Félix do Araguaia, na floresta amazônica; e a causa apontada era o choque com o avião da Embraer. Qual a razão da omissão do JN? A emissora levou um furo, como se diz no jargão jornalístico, ou decidiu concentrar seus esforços no que lhe pareceu mais importante? Qualquer que seja o motivo, o certo é que a questão da divulgação das fotos mobilizou a cúpula do jornalismo da tevê dos Marinho. Como vimos, Bruno fora informado pelos jornalistas que Bocardi, da TV Globo, estava entre os jornalistas diante da PF no dia 29. Bocardi é Rodrigo Bocardi, repórter da TV Globo, que atendeu Carta Capital com muita má vontade. Disse que a matéria acabara sendo apresentada por César Tralli e não por ele; e não quis dar mais informações. De alguma forma, no entanto, tanto a fita de áudio como a conversa de Bruno com os jornalistas quanto ao CD com imagens do dinheiro foram passados à chefia de jornalismo do JN em São Paulo e de lá foram levadas a Ali Kamel, no Rio. Kamel é uma espécie de guardião da doutrina da fé, o Raztinger da Globo, como dizem ironicamente pessoas da organização dos Marinho, que criticam o excesso de zelo deste que é um editor em última instância de todo o noticiário político da emissora carioca. A crítica lembra o papel do cardeal Joseph Raztinger, atualmente papa Bento XVI, no papado de João Paulo II. Compreende-se por que a decisão sobre o que fazer com o áudio e com as fotos tivesse de ser tomada pelas mais altas autoridades da emissora. Se divulgasse o conteúdo exato das duas informações, a Globo estaria mostrando que o delegado queria usar a emissora para os claros fins políticos que manifesta e que a emissora tinha feito a sua parte nesse projeto. A saída de Kamel - aparentemente, segundo relato de terceiros, ouvidos por Carta Capital, já que ele mesmo não quis se manifestar - foi a de omitir qualquer referência à existência do áudio: "Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos, não a temos", teria dito Kamel. A informação complicava a Globo. A informação sumiu. Mais informações na revista Carta Capital desta semana.

terça-feira, outubro 10, 2006

Feitos e Mau-Feitos...

Pessoal, a fonte que a mensagem faz referência é a PNAD, Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar.Dados do IBGEOs valores são totalizados considerando 8 anos de governo PSDB e 3 anos e 1/2 de governo Lula:Número de policiais federais:Lula: 11 mil PSDB: 5 milOperações da PF contra a corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro, etc...:Lula- 183 PSDB - 20Prisões efetuadas:Lula: 2.971 PSDB: 54Criação de empregos :Lula: 6 milhões (4 milhões c/ carteira assinada) PSDB: 700 milMédia anual de empregos gerados :Lula: 1,14 milhão PSDB: 87,5 milTaxa de desemprego nas regiões metropolitanas:Lula: 8,3% PSDB: 11,7%Desemprego em SP:Lula: 16,9% PSDB: 19,0%Exportações (em dólares):Lula: 118,3 bilhões PSDB: 60,4 bilhõesBalança comercial (em dólares):Lula: 103,3 bilhões (positivos) PSDB: - 8,4 bilhões (negativos)Transações correntes (em dólares):Lula: 30,1 bilhões (positivos) PSDB: - 186,2 bilhões (negativos)Risco-país:Lula: 204 PSDB: 2.400 (!!)* No governo Lula, o país atingiu o patamar mais baixo da história.Inflação:Lula: 2,8% PSDB: 12,53%Dívida com o FMI (em dólares):Lula: dívida paga PSDB: 14,7 bilhõesDívida com o Clube de Paris (em dólares):Lula: dívida paga PSDB: 5 bilhõesDívida pública:Lula: 34,2% PSDB: 35,3%Dívida externa:Lula: 2,41% PSDB:12,45%Investimento em desenvolvimento (em reais):Lula: 47,1 bilhões PSDB: 38,2 bilhõesEmpréstimo para habitação (em reais):Lula: 4,5 bilhões PSDB: 1,7 bilhõesPIB:Lula: 2,6% ao ano (até 2005) PSDB: 2,3% ao anoCrescimento industrial:Lula: 3,77% PSDB: 1,94%* O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicounos três anos e meio de Governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação aoperíodo da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002.Folha de S. Paulo (20/08/2006)Produção de bens duráveis:Lula: 11,8% PSDB: 2,4%Aumento na Produção de veículos:Lula: 2,4% PSDB: 1,8%Crédito para a agricultura familiar:Lula: 6,1% PSDB: 2,4%Crescimento real do salário mínimo:Lula: 25,3% PSDB: 20,6%* Ganho real de 25,7% em três anosValor do salário mínimo em dólares:Lula: 152 PSDB: 55Poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica:Lula: 2,2 cestas básicas PSDB: 1,3 cesta básicaAumento do custo da cesta básica:Lula: 15,6% PSDB: 81,6%Índice de Desigualdade social:Lula: 0,559 PSDB: 0,573Participação dos mais pobres na renda:Lula: 15,2% PSDB: 14,4%Número de pobres:Lula: 33,57% PSDB: 34,34%Número de miseráveis:Lula: 25,08% PSDB: 26,23%Transferência de renda (em reais):Lula: 7,1 bilhões PSDB: 2,3 bilhõesMédia por família:Lula: 70 reais PSDB: 25 reaisAtendidos pelo programa Saúde da Família:Lula: 43,4% PSDB: 30,4%Atendidos pelo programa Brasil Sorridente (atendimento odontológico):Lula: 33,7% PSDB: 17,5%* 15 milhões de brasileiros foram pela primeira vez ao dentista.Mortalidade infantil indígena (por 1000 habitantes):Lula: 21,6 PSDB: 55,7Número de turistas que vêm ao Brasil:Lula: 4,6 milhões PSDB: 3,8 milhõesPró-jovem - estudo subsidiadoLula: 93 mil (18 a 24 anos) PSDB: não havia programa, nem registro.* 100 reais por mês de subsídio a cada estudanteBolsa Família * Educação e subsídio alimentarLula: 11,1 milhões de famílias PSDB: o programa era o Bolsa Escola com menos atendidos e atendimento mais limitado.Incremento no acesso a água no semi-árido nordestinoLula: 762 mil pessoas e 152 mil cisternas PSDB: zero, não havia programa.Distribuição de leite no semi-árido (sistema pequeno produtor)Lula: 3,3 milhões de brasileiros PSDB: zero, não havia programa.Áreas ambientais preservadasLula: incremento de 19,6 milhões de hectares (2003 a 2006)Do ano de 1500 até 2002: 40 milhões de hectaresApoio à agricultura familiarLula: 7,5 bilhões (safra 2005/2006) PSDB: 2,5 bilhões (último ano de governo)* O governo Lula investirá 10 bilhões na safra 2006/2007Compra de terras para Reforma AgráriaLula: 2,7 bilhões (2003 a 2005) PSDB: 1,1 bilhão (1999 a 2002)Investimento do BNDES em micro e pequenas empresas:Lula: 14,99 bilhões PSDB: 8,3 bilhõesInvestimentos em alimentação escolar:Lula: 1 bilhão PSDB: 848 milhõesInvestimento anual em saúde básica:Lula: 1,5 bilhão PSDB: 155 milhõesEquipes do Programa Saúde da Família:Lula: 21.609 PSDB: 16.698População atendida pelo Prog. Saúde da Família:Lula:70 milhões PSDB: 55 milhõesPorcentagem da população atendida pelo Programa Saúde da Família:Lula: 39,7% PSDB: 31,9%Pacientes com HIV positivo atendidos pela rede pública de saúde:Lula: 151 mil PSDB: 119 milJuros:Lula: 16% PSDB: 25%BOVESPALula: 35,2 mil pontos PSDB: 11,2 mil pontosDívida externa:Lula: 165 bilhões PSDB: 210 bilhõesDesemprego no país:Lula: 9,6% PSDB: 12,2%Dívida/PIB:Lula: 51% PSDB: 57,5%Eletrificação Rural - Luz Para TodosLula: 3 milhões de pessoas PSDB: 2,7 mil pessoasLivros gratuitos para o Ensino MédioLula: 7 milhões PSDB: zeroGeração de Energia ElétricaLula: 1.567 empreendimentos em operação, gerando 95.744.495 kW de potência.Está prevista para os próximos anos uma adição de 26.967.987 kW nacapacidadede geração do País, proveniente os 65 empreendimentos atualmente emconstrução e mais 516 outorgadas. PSDB em final de governo: apagãoPrivatizaçõesLula: zero PSDB : 100 bilhões ( onde foi parar?)Fontes: IBGE, IBGE/Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar - desde 1994); ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; Ministérios Federais e Agências Reg.;SUS; CES/FGV; jornais FSP, O Globo e O Estado.

Eu Vou ás Ruas Também...

MiltonZaminato (Prof.de Física da UNB)
Acredito que somente uma pessoa que nada aprendeu, não muda suasopiniões. Passei avida toda lutando contra a Ditadura Militar e políticos da Arena; PDS;PFL; PSDB. Vivia era FHC e vi o país ser posto à venda. Vi mais de 100 empresaspúblicas seremprivatizadas", sem que o produto da venda tenha sido utilizado em favordo País.Fiquei 08 anos sem nenhum centavo de reajuste salarial. Vi colegas detrabalho,concursados, serem demitidos, através do malsinado RH 008. Vi todo oprocesso de desmonte da Caixa para aprivatização. Vi dezenas e dezenas de CPIs serem abortadas a custa demuita grana. Vio Procurador Geral da União ser chamado de Engavetador Geral daUnião. Vi a PolíciaFederal de mãos amarradas. Vi o FMI mandando e desmandando e osGovernos dizendoamém. Vi um país que gerou apenas 8 mil empregos mensais durante 08longos anos. Vitrabalhadores escravos. Vi e vivi. Participei de dezenas de passeatas.Vi o "pensamentoúnico" do PSDB calando jornais, rádios e TVs. Vi o Banco Central"doando" milhões dedólares para os banqueiros falidos salvarem suas peles. Vi milhares demicros epequenas empresas fechando suas portas para dar lugar aos importadospela paridade dodólar. Vi o escândalo do SIVAM.Agora que o Brasil gera mais de 100 mil empregos mensais; Que asindústrias batemrecordes de produção; Que o comércio bate recordes de venda; Que opaís baterecordes de exportações; Que dispensamos a tutela do FMI; Que o BBcontrata milharesde novos empregados concursados; Que estamos entrando em período dedeflação; Que 11milhões de famílias são atendidas pelos programas sociais doGoverno; Que aagricultura familiar está tendo acesso ao crédito e de fato sendovalorizada; Que aspequenas e micros empresas voltam a abrir portas; Que a Políciafederal atua semamarras e desbarata uma quadrilha atrás da outra, como nunca em toda asua história;Que a fiscalização da Receita Federal está fazendo as grandesempresas e bancosrecolherem impostos (tanto que a Receita federal também bate recordesdearrecadação); Que o Ministério do trabalho fiscaliza asempresas (o FGTS também bate recordes históricos de arrecadação) eestáerradicando o trabalho escravo no campo. Agora vem alguém me pedirpara ir às ruascontra LULA e o governo popular???!!! Meu amigo: TÔ FORA!!!!!Estou pronto para ir às ruas pedir investigação de quaisquer atos decorrupçãopraticados por quem quer que seja. Que a Polícia Federal, OMinistério PúblicoFederal e outras instituições sérias investiguem com totalisenção, e que aJustiça puna exemplarmente todo aquele que tenha praticadoirregularidade. Fazer ojogo e servir de instrumento de pessoas como ACM, Bornhausen, FHC,Serra, Alckmin,Arthur Virgílio, Álvaro Dias, Jeffersons da vida e outros, que todossabemos bem quemsão, JAMAIS! _________________

Lula Desmonta o Discurso Vazio de Alckmin

LULA DESMONTA DISCURSO VAZIO DE ALCKMIN E SAI VITORIOSO DO DEBATEO

presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o grande vencedor do debate promovido na noite de domingo (8), pela TV Bandeirantes, entre ele o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.O presidente enfrentou as leviandades do tucano com firmeza, questionou as contradições do discurso do adversário e esforçou-se para manter a discussão em nível elevado – enquanto Alckmin comportou-se como se estivesse disputando a prefeitura de Pindamonhangaba, com frases de efeito sem consistência e nenhuma proposta concreta para o Brasil.Nos momentos em que foi questionado sobre os muitos problemas deixados por ele no Estado de São Paulo – após 12 anos de governos do PSDB – Alckmin, como de costume, fingiu que não era com ele. Não explicou por que barrou 69 CPIs na Assembléia Legislativa de São Paulo e não respondeu o que o governo paulista fez para impedir a ação da organização criminosa PCC. Em completa desconexão com o mundo real, o tucano chegou a afirmar que a educação pública em São Paulo é de boa qualidade e que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) – em que o Estado ficou na 8ª colocação – serve “só para passar no vestibular”. No mais, procurou responsabilizar o governo federal por situações que eram de sua exclusiva competência quando governava São Paulo, como a falência da Febem.Lula, ao contrário, não fugiu de nenhum tema, reconheceu as limitações de seu governo, falou sobre os avanços que o país conquistou nos últimos anos e o que pretende fazer para ampliar o ritmo de crescimento no segundo mandato.Na questão da ética e da corrupção, o presidente lembrou que, ao contrário do que acontecia no passado, hoje se apura e se investiga tudo. Segundo Lula, a lógica da ética está do combate à corrupção, nas investigações livres, na punição dos envolvidos e no afastamento dos suspeitos.Por mais de uma vez, durante o debate, Lula afirmou que, ao contrário dos governos do PSDB, o seu não joga sujeira para debaixo do tapete, doa a quem doer. Lamentou ter perdido companheiros de longa data, mas garantiu que continuará agindo com firmeza e com os rigores da lei contra quem quer que seja.O presidente também fez questão de lembrar que a maioria dos casos de corrupção investigados pelo seu governo têm origem na gestão do tucano FHC, como o valerioduto e as máfias dos sanguessugas e dos vampiros.COMPARAÇÕESComo de costume, Alckmin fugiu o tempo todo do debate em torno dos projetos de país, preferindo produzir pérolas como a proposta de venda do avião presidencial para “construir cinco hospitais”.A bravata foi classificada por Lula como uma “insensatez” de quem não conhece o tamanho do Brasil e a importância das viagens internacionais para inserção do país no comércio mundial.Ignorando todos os dados macroeconômicos dos últimos três anos – sobretudo os relativos aos recordes da balança comercial, ao crescimento das reservas internacionais e à abertura de novos mercados para os produtos brasileiros – Alckmin chegou ao absurdo de chamar de “fracassada” a política externa do governo Lula.O presidente explicou ao tucano que, também nesse item, ele estava mal informado. Quando Alckmin questionou a “falta de firmeza” do atual governo em relação à Bolívia, Lula reafirmou seu compromisso com os povos vizinhos, sem prejuízo da soberania brasileira, e acusou o adversário de agir como o presidente norte-americano George Bush, que preferiu invadir o Iraque, ao invés de negociar, com os resultados desastrosos que todos conhecem.Lula aproveitou ainda para mostrar as muitas diferenças entre o seu governo e o de tucanos. Entre elas, a geração de empregos (mais de 7 milhões em quatro anos, contra apenas 1 milhão em oito anos de FHC), a redução da desigualdade social, o fim do apagão, o controle da inflação e o aumento do poder de compra da população.Em um dos momentos de maior constrangimento para o tucano, Lula olhou para a platéia e questionou a ausência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entre os convidados do adversário. “Cadê o FHC?”, perguntou, enquanto Alckmin, visivelmente desconfortável, tentava desapertar o nó da gravata.E O BARJAS NEGRI?A imagem de guardião da moral e da ética, vendida por Alckmin em todas as suas falas, também não resistiu à meia-dúzia de perguntas. O tucano não soube explicar por que teve, entre seus secretários no governo de São Paulo, o correligionário Barjas Negri, que foi ministro da Saúde no governo FHC e sofre graves acusações de envolvimento com a máfia das ambulâncias.“Você não sabia disso?”, perguntou o presidente. Alckmin tentou tergiversar, afirmando que não havia nenhuma acusação contra Negri relativa à sua passagem pelo governo de São Paulo. Foi desmentido por Lula, que “informou” o governador dos mais de 100 processos no TCE (Tribunal de Contas do Estado) por suspeita de irregularidades em contratos firmados por Negri quando esteve à frente da CDHU. No final, Lula lembrou que os tucanos privatizaram dezenas de empresas, vendendo um patrimônio que era de todos os brasileiros apenas para cobrir dívidas de governo. E desafiou Alckmin a reconhecer que, nesses quatro anos, a vida do brasileiro melhorou. Alckmin, mais uma vez, fugiu do assunto.

Decisão de Vida: Basta!!

Cansei... Basta!! Vou votar no Geraldo Alckmin, da coligação PSDB-PFL.
Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar hambúrguer e iogurte. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia. O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure agora navega... Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a 0,99%, todo mundo tem carro, até a minha empregada. É uma vergonha, como dizia o Boris Casoy. Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire agora se vende até no camelô da 25 de Março. Vergonha, vergonha, vergonha... Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação. A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.
Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses típinhos sem berço na universidade. Até índio agora vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça. Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus agora vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula... Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria. E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha aqui do prédio vai passar férias no Exterior. É o fim... Vou votar no Geraldo Alckmin. Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode pode, quem não pode se sacode. Tenho culpa eu se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior. Eu ia anular, mas cansei.

Basta! Vou votar no Geraldo Alckmin. Quero ver essa gente no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O Que Está Em Jogo No 2º Turno?

O que está em jogo
Por Emir Sader.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se a Petrobrás vai ser privatizada – como afirma o assessor de Alckmin, Mendonça de Barros à revista Exame – e, com ela, o Banco do Brasil, a Caixa Economia Federal, a Eletrobrás.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se os movimentos sociais voltarão a ser criminalizados e reprimidos pelo governo federal.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se o Brasil seguirá privilegiando sua política externa de alianças com a Argentina, a Bolívia, a Venezuela, o Uruguai, Cuba, assim como os países do Sul do mundo, ao invés da subordinação à política dos EUA.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se retornará a política de privataria na educação.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se a política cultural será centrada no financiamento privado.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se teremos menos ou mais empregos precários, menos ou mais empregos com carteira de trabalho.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se haverá mais ou menos investimentos públicos em áreas como energia, comunicações, rodovias, saneamento básico, educação, saúde, cultura.

O que está em jogo no segundo turno não é apenas se seguiremos diminuindo as desigualdades no Brasil mediante políticas sociais redistributivas – micro-crédito, aumento do poder aquisitivo real do salário mínimo, diminuição do preço dos produtos da cesta básica, bolsa-família, eletrificação rural, entre outros – ou se voltaremos às políticas tucano-pefelistas do governo FHC.

O que está em jogo no segundo turno é tudo isso – o que, por si só, é de uma enorme proporção e já faz diferença entre os dois candidatos. O que está sobre tudo em jogo nos segundo turno é a inserção internacional do Brasil, com conseqüências diretas para o destino futuro do país.

Com Lula se manterá a política que privilegia a integração regional e as alianças Sul/Sul, que se opõem à Alca em favor do Mercosul. Com Alckmin se privilegiariam as políticas de livre comércio: Alca, assinatura de Tratado de Livre Comércio com os EUA, isolamento da Alba, debilitamento do Mercosul, da Comunidade Sul-Americana, das alianças com a África do Sul e a Índia, o Grupo dos 20.

O que está em jogo no segundo turno é a definição sobre se o Brasil vai subordinar seu futuro com políticas de livre comércio ou se o fará em processos de integração regional. Isso faz uma diferença fundamental para o futuro do Brasil e da América Latina. Adotar o livre comércio é abrir definitivamente a economia do país para os grandes monopólios internacionais – norte-americanos em particular -, é renunciar a definir qualquer forma de regulamentação interna – de meio ambiente, de moeda, de política de cotas, etc. É condenar o Brasil definitivamente à centralidade das políticas de mercado, com a perpetuação das desigualdades que fazem do nosso o país mais injusto do mundo.

O que está em jogo no segundo turno então é se teremos um país menos injusto ou mais injusto, se teremos um país mais soberano ou mais subordinado, se teremos um país mais democrático ou menos democrático, se teremos um país ou se nos tornaremos definitivamente em um mercado especulativo e nos consolidaremos como um país conservador dirigido pelas elites oligárquicas (como um mistura de Daslu mais Opus Dei). Se seremos um país, uma sociedade, uma nação – democrático e soberanos - ou se seremos reduzidos a uma bolsa de valores, a um shopping center cercado de miséria por todos os lados.

Tudo isto está em jogo no segundo turno. Diante disso ninguém pode ser neutro, ninguém pode ser eqüidistante, ninguém pode ser indiferente.

Não é Nova, É Velha Direita Mesmo

Por Renato Rovai

Paula Sholl

Geraldo Alckmin tem jeito e cara de picolé de chuchu, expressão bem-humorada criada pelo jornalista José Simão, da Folha de S.Paulo, para seu estilo insosso. Mas não é um candidato com gosto de nada, como pode até ser interessante para ele se apresentar. Como um político que só se preocupa em “administrar bem” e “cuidar das pessoas”, que não tem viés ideológico. Ao contrário, o candidato a presidente pelo PSDB é um representante da direita mais arcaica do ponto de vista moral, mais neoliberal no viés econômico e mais truculenta na ação política.
A história política do candidato que governa como Alckmin e disputa eleições como Geraldo é a prova cabal do seu direitismo clássico. Alckmin não pode ser entendido como fenômeno de uma nova direita, que mantém sua opção econômica liberal, mas com valores mais progressistas em relação a questões morais, por exemplo. Entre outras coisas, sua já conhecida relação com o Opus Dei destrói tal possibilidade. Nesse campo, um governo Alckmin seria muito mais à direita, por exemplo, do que o realizado pelo seu antecessor tucano, Fernando Henrique Cardoso.
Quando Alckmin disputava com José Serra a indicação à candidatura a presidente pelo PSDB, a revista Época, das organizações Globo, revelou em reportagem que ele mantinha encontros semanais com o articulista de O Estado de S.Paulo, Carlos Alberto Di Franco, ocasiões em que recebia orientações espirituais. Di Franco é um dos numerários mais influentes da Obra. Desses encontros, realizados quinzenalmente no Palácio dos Bandeirantes e confirmados pelo próprio Di Franco à Época, participavam aproximadamente 30 pessoas. Um pequeno trecho da entrevista do articulista de O Estado à revista da Globo dá sinais de que lições eram transmitidas nas palestras.
ÉPOCA – O senhor não acha que a proibição de ir ao cinema, teatro ou estádio de futebol conflita com seu trabalho de jornalista?
Di Franco – Para mim nunca foi problema. Não é que não pode, a expressão está mal colocada. Não vai ao cinema porque não quer ir ao cinema. Os numerários vivem, voluntariamente, uma série de abstenções em função de sua entrega como numerários.
ÉPOCA – Como o senhor faz com o cilício (cinto usado para autoflagelação)?
Di Franco – O cilício é uma mortificação corporal ultratradicional na Igreja. Se você falar com qualquer pessoa que viva o cristianismo é a coisa mais corriqueira e comum.
ÉPOCA – O senhor usa, duas horas por dia?
Di Franco – Sim, como qualquer numerário.
ÉPOCA – Quando o senhor está com o cilício se concentra no sofrimento de Cristo?
Di Franco – Essa pequena mortificação você oferece por várias intenções. A partir de hoje vou oferecer para você.(...)
ÉPOCA – É muito difícil o celibato?
Di Franco – Qualquer pessoa tem desejo, é normal. Eu sinto atração pelas mulheres, claro que sinto, sobretudo pelas bonitas.
ÉPOCA – O senhor é virgem?
Di Franco – Você está entrando em território perigoso. Mas sou, se quer saber sou.”
A relação do candidato tucano com o Opus Dei não é algo superficial ou novo, como tentam sugerir agora seus aliados. O tio de Alckmin, José Geraldo Rodrigues de Alckmin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado pelo ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, também foi o primeiro supernumerário do Brasil. Seu pai, Geraldo José, pertencia à Obra. E quando era prefeito de Pindamonhangaba, em 1978, data do cinqüentenário do Opus Dei, Alckmin homenageou o fundador da organização, o espanhol Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), batizando uma rua com seu nome. A Obra ainda foi importante para o atual candidato a presidente em outra ocasião, quando conseguiu a anulação do primeiro casamento de dona Lu Alckmin. Antes de conhecer Alckmin, ela se casou e foi morar em Londres com aquele que seria seu primeiro marido. Ficou um tempo por lá, mas depois voltou alegando que teria descoberto que ele vivia numa comunidade hippie e que ela não teria se acostumado à situação. Após conhecer Alckmin, para que pudesse ter um casamento religioso, a Opus Dei foi fundamental. Por conta das relações que tinha com esse setor da Igreja Católica, a família do atual candidato conseguiu anular o primeiro casamento da ex-primeira dama do estado de São Paulo. Alckmin, evidente, nega que haja relação entre a anulação do primeiro casamento da esposa e seu relacionamento com a Opus Dei.
O tal choque de gestão
Mas se as questões morais têm lá sua importância no que diz respeito principalmente a grupos discriminados, deve-se levar a sério o discurso de Geraldo Alckmin relativo ao choque de gestão. Eleito, fará tudo para implementar sua visão de Estado, absolutamente neoliberal. Ainda no governo Mário Covas, então como vice-governador, presidiu a comissão estadual de privatizações, que tirou do controle do Estado as Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp), Eletropaulo, Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e Comgás, além de negociar concessões das principais rodovias estaduais e privatizar o Banespa. Não à toa, Alckmin é o candidato dos sonhos do empresariado paulista.
Recentemente encaminhou a proposta de venda da Nossa Caixa e da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), de novas linhas do metrô que estão em construção, do porto de São Sebastião e de rodovias da região de Campinas. Mesmo com tantas privatizações, hoje a dívida do estado chega a R$ 123 bilhões. E o sucessor de Alckmin, o atual governador Cláudio Lembo, recentemente revelou que a gestão “eficiente” do antecessor lhe reservou um rombo surpresa de R$ 1,2 bilhão para este ano.
A falta de investimentos públicos afeta principalmente a população de baixa renda. Política social para Alckmin é aumentar o efetivo policial e amontoar jovens em cadeias e unidades da Febem, o que provocou a maior crise de segurança pública da história do Brasil. Além de ter gerado o PCC, que não existia antes da eleição do PSDB para o governo do estado, o governo Alckmin é o recordista em massacres. Como já publicado por Fórum, de 12 a 20 do mês de março morreram por arma de fogo 492 pessoas em São Paulo. Uma tragédia sem precedentes.
Na atual campanha, para mostrar sensibilidade social apresenta como contraponto ao programa Bolsa Família do governo Lula, o famoso Bom Prato, que vende refeições a um real. O sítio do governo do estado consultado no dia 2 de outubro explica o programa: “um projeto de inclusão social desenvolvido pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento em parceria com entidades do 3º setor. Tem um cardápio elaborado e monitorado por nutricionistas, com refeições compostas de arroz, feijão, carne, farinha de mandioca, salada, legumes, suco, frutas e pão ao preço de R$ 1,00”. Mas tem mais: “Hoje já são 26 unidades que servem mais de 36.700 refeições por dia, uma média de 1.200 por unidade”. Depois de 12 anos de governo, ou seja, 144 meses, o programa social modelo é a construção de 26 restaurantes populares.
Atenção aos movimentos sociais
O ex-presidente da CUT, João Felício, em entrevista na edição 36 de Fórum, fez uma afirmação contundente a respeito da postura do candidato tucano enquanto governador. “O Geraldo Alckmin é anti-sindical. Não conseguimos audiência com o governador, nem a CUT Estadual nem a Nacional.” O então presidente da CUT estadual, Edílson de Paula, confirma e dá um exemplo. Diz que quando conseguiu agendar um encontro, ficou oito horas trancado em uma sala no Palácio dos Bandeirantes e acabou não sendo recebido pelo governador para uma negociação. Edílson tentava evitar a demissão de 1.700 funcionários da Febem. “A gente sabia que ele estava na sala em frente, mas ficamos o tempo todo esperando.”
Em relação à Febem, o desempenho do ex-governador paulista confirma sua ortodoxia ultraconservadora e até certo ponto de aspecto fascista. As histórias contadas pela presidente da Associação de Mães e Amigos de Crianças e Adolescentes em Risco (Amar), Conceição Paganale, são de arrepiar. Na Febem de São Paulo, a juventude é espancada, torturada e muitas vezes estimulada a organizar rebeliões para justificar a agressão, costuma dizer Paganele. Hoje ela enfrenta um processo por dano, incitação ao crime, formação de quadrilha e facilitação de fuga por conta de sua luta em defesa dos jovens. Quem a processa é o governo de Geraldo Alckmin, por meio da Corregedoria da Fundação. Durante a gestão Alckmin, a Febem acumulou 170 rebeliões, mais de 3,5 mil fugas e assistiu à morte de 26 jovens e cinco funcionários.
Todas as CPIs engavetadas
Se a mídia paulista tão rígida moralmente em relação ao governo Lula fosse coerente exigiria fiscalização e CPIs, por exemplo, para os gastos com o Trecho Oeste do Rodoanel. O governo poderia fazer aditamentos ao contrato em até 25% do valor original, mas o custo da obra saiu 75% a mais. Isso é apenas um caso. Nos 12 anos de governo tucano-pefelista em São Paulo, tudo que deveria ser investigado ficou sob o tapete, exatamente ao contrário do que Alckmin exige em relação aos casos envolvendo o governo federal. Nenhuma CPI para 800 processos no Tribunal de Contas do Estado só na gestão Alckmin.
Para conseguir barrar a investigação das denúncias, o então governador contou com maioria na Assembléia Legislativa. Uma das pistas de como essa base teria sido construída apareceu numa reportagem realizada à época da disputa entre e Serra e Alckmin – foi só naquele momento que a mídia comercial paulista expôs um pouco as mazelas do atual candidato a presidente. Na ocasião, a Folha de S.Paulo, cuja direção preferia Serra, trouxe reportagem mostrando que as estatais Nossa Caixa e Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) foram usadas para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa. Um deles, Afanásio Jazadji (PFL), que não se reelegeu, assumiu que foi beneficiado em negociação comandada pelo próprio Alckmin para evitar a vitória de Rodrigo Garcia (PFL) na disputa da presidência da Mesa. O escândalo ficou conhecido por “mensalinho”, mas teve curta repercussão e não foi investigado.
E os amigos?
Num encontro festivo de uma estatal paulista, um deputado estadual do PSDB em conversa privada com este jornalista disse o que boa parte do tucanato paulista, principalmente ligado a José Serra, acha, fala, mas não permite publicação. Segundo ele, Alckmin posa de santo, mas é a encarnação do demônio. Não atua de forma partidária, mas apenas com o seu grupo íntimo. Além de ter a péssima mania de não cumprir acordos (cuidado, Aécio Neves!), persegue de maneira cruel àqueles que não se submetem à sua tutela.
No exercício do cargo, Alckmin levou para dentro do Estado sua ação ultraconservadora, mas também os “seus garotos”, como definiu o ex-presidente FHC quando ele tentou fazer de Saulo de Castro Abreu o candidato a prefeito do PSDB para enfrentar Marta Suplicy. Além de Saulo, o outro manda-chuva na sua gestão era Gabriel Chalita, católico ultraconservador como Alckmin, e cotado para ser ministro da Educação em um hipotético governo do tucano.
Chalita tem um currículo “invejável”, com apenas 37 anos, já escreveu 39 livros. Destaque para o best-seller Seis lições de Solidariedade com Dona Lu, obra baseada nos diários da primeira-dama paulista. “Conto que ela chorou praticamente um ano inteiro a morte da mãe”, revelou o secretário da Educação em uma entrevista à Veja São Paulo
Chalita é ligado à rede católica Canção Nova, conservadora como a Opus Dei. No governo do estado ele teria operado junto a Alckmin a cessão de uma fazenda de 87 hectares – cerca de 54 vezes o parque Ibirapuera, um dos maiores parques de São Paulo –, em Lorena (a 188 km da capital paulista), à Canção Nova. A fazenda fora solicitada por pelo menos dois órgãos do próprio governo. O Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que pretendia utilizar o local para reforma agrária, e a Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil), vizinha à área, que pretendia ampliar seu campus. Mas o secretário de Educação tinha destino mais interessante para o latifúndio. Hoje, Chalita tem um programa de duas horas todas as quartas na emissora de TV da rede Canção Nova e um programa diário na rede da rádio. E Alckmin, como ele gosta de perguntar, será que não sabia de nada?