domingo, novembro 28, 2010

Gilmar Dantas e Dantas - Os grampos Estão Liberados. E Agora?

Toffoli: quando é grampo é legal

O Faces da Verdade Tem o orgulho de reproduzir este brilhante texto, publicado no blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim.


O amigo navegante Stanley Burburinho, o reparador de iniqüidades (quem será Stanley Burburinho ?), enviou email com esta notícia encorajadora.

O ministro Toffoli do Supremo Tribunal Federal acabou de sepultar alguns dos argumentos que justificavam o desejo de Gilmar Dantas (*) e Daniel Dantas de desmoralizar a Satiagraha.

Toffoli legitima os grampos legais que o ínclito delegado Protógenes Queiroz pediu e o corajoso juiz Fausto De Sanctis autorizou.

Clique aqui para ler “Lula prometeu aos blogueiros que vai concluir investigação sobre Dantas” e clique aqui para ler “Kenarik 10 x 0 Gilmar”.

Leia a decisão do ministro Toffoli:


Quebra de sigilo telefônico pode ser prorrogado e superar prazo de 15 dias

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu liminar no Habeas Corpus (HC) 106129, requerida pela defesa de I.T.A.N., policial civil acusado de fazer parte de organização criminosa descoberta por operação da Polícia Federal. A defesa argumentava que o acusado teve quebra de sigilo telefônico por prazo superior ao previsto em lei (de quinze dias).
No entendimento do ministro Dias Toffoli, a quebra do sigilo telefônico e suas respectivas prorrogações efetuadas com autorização judicial parecem devidamente fundamentadas devido à complexidade da organização criminosa investigada pela Polícia Federal.
A defesa sustentou a tese de constrangimento ilegal tendo em vista “a nulidade das decisões que autorizaram a interceptação telefônica contra ele por prazo superior ao permitido legalmente”. Por esse motivo, as provas dai advindas seriam nulas. Outro argumento da defesa era de que “a interceptação no presente caso não ocorreu nos moldes da Lei 9.296/96, ferindo além do artigo 5º da citada lei, a Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 5º, X e XII “. Além disso, a defesa afirmou que não haveria fundamentação legitima para a interceptação, tendo as autoridades policiais se apoiado  em suposta “denúncia anônima”.

Segundo o Ministério Público, trata-se de quadrilha em  grande parte formada por policiais civis que, aproveitando-se da função publica, praticava tortura e extorsões, facilitava a exploração de jogos de azar e o desmanche de veículos furtados, tudo mediante o recebimento de propina, além de agenciar serviços advocatícios no distrito policial, visando se beneficiar de parte dos honorários auferidos pelo defensor. A defesa pedia, liminarmente, a concessão da ordem para que fosse anulada a decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que alegava ser manifestamente ilegal.

Para o relator, ministro Dias Toffoli o deferimento de liminar “é medida de caráter excepcional, cabível apenas se a decisão impugnada estiver eivada de ilegalidade flagrante, demonstrada de plano, ou quando a situação apresentada nos autos representar manifesto constrangimento ilegal, o que não se verifica na espécie”, afirmou o ministro. Segundo o relator a decisão do STF “não vislumbra nenhuma ilegalidade, abuso de poder ou teratologia que justifique o deferimento do pedido”, finalizou.

KK/CG
Processos relacionados – HC 106129


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista (**) do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista (**) da GloboNews e da CBN se refere a Ele.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (***) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Ley de Medios Já!

A Ministra Ellen Gracie resolveu re-escrever, sozinha, a Constituição


O Faces da Verdade reproduz texto do jornalista Paulo Henrique Amorim, publicado no Conversa Afiada.

Este brilhante texto nos esclarece sobre a Ley de médios.



O emérito professor Fábio Comparato entrou no Supremo com uma ADIN por Omissão para obrigar o Congresso a legislar sobre os três artigos da Constituição de 1988 que até hoje não foram regulamentados. Clique aqui para ler.

A causa foi patrocinada por duas entidades de âmbito nacional, com pertinência temática, como exige a Constituição: a Fenarj, a Federação dos Jornalistas, e a Fitert, a Federação dos Radialistas.

A ADIN, por obra e graça do Reino da Treva, caiu nas mãos da Ministra Ellen Gracie, aquela que, por anos, se recusou a abrir os dados do HD do Daniel Dantas, com um argumento notável: Dantas não é Dantas, mas Dantas !

O que fez a Ministra ?

Negou o pedido.

E re-escreveu a Constituição.

Determinou que a Fenarj e a Fitrert NÃO são entidades nacionais.

De onde a Ministra tirou isso, não se sabe.

Mas, tirou.

O professor Comparato não se intimidou – clique aqui para ler – com a redatora da Constituição.

(Alias, ela é discípula do Ministro serrista Nelson Jobim, que confessou ter escrito ele próprio, solitariamente, um artigo da Constituição. Quem pode pode.)

Comparato recorreu e o plenário do Supremo decidirá.

E entrou com a mesma ADIN, agora patrocinada pelo PSOL.

Mas, não é só isso.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade, filiada à UGT, num ato de coragem, entendeu o obstáculo que a Ministra opôs à luta de Comparato, e aderiu à causa.

Comparato vai em breve entrar com a mesma ADIN, agora patrocinada por uma Confederação Nacional, com pertinência temática.

Vamos ver o que dirá a redatora da Constituição, a Ministra Ellen Gracie.

A ADIN trata dos artigos constitucionais que impõem:

- o fim do monopólio ou do oligopólio na Comunicação;

- a regionalização da programação;

- e o direito de resposta.

Só isso.

E só isso basta para o Ministro Paulo Bernardo iniciar os trabalhos de uma Ley de Medios.

Aliás, para irritar o PiG (*), de vez, o Ministro e a Presidente Dilma poderiam convidar para uma conversa o professor Comparato, a Confederação dos Trabalhadores em Comunicação e os blogueiros sujos do Instituto Barão de Itararé, que encampou a batalha do professor Comparato.

(Aliás, o professor Comparato tentou fazer a OAB patrocinar a ADIN. Mas, o presidente da OAB, que entende de tudo, preferiu dedicar-se  ao ENEM.)

Aliás, já estará na mesa da Presidente Dilma a determinação que dará à Advocacia Geral de União sobre a matéria.

Quando a ADIN do professor Comparato chegar ao plenário do Supremo, a AGU terá de se pronunciar.

Será uma magnífica oportunidade para se ver até que ponto a Presidente está, de fato, comprometida com uma Ley de Medios.

O Ministro Franklin Martins já disse que considera um absurdo o Congresso sentar-se desde 1988 em cima desses três artigos da Constituição (com medo da Globo, diria este ordinário blogueiro).

O próprio professor Comparato sentiu na pele o voto da AGU a favor da Lei da Anistia que absolveu os torturadores do regime militar.

O professor estava e está do outro lado da cadeira do dragão: ao lado dos torturados.

Observe-se também que um projeto de Lei da Presidência da República tem prioridade absoluta na tramitação no Congresso.

Bem que a presidente Dilma poderia conversar com o professor Comparato e, com ele, fazer um PL para mandar ao Ministro Paulo Bernardo.

O Barão de Itararé, que apanhou tanto da polícia política do Getúlio, lá das entranhas do Rio Grande do Sul dedicaria à Presidente Dilma a capa do seu Almanhaque.

Clique aqui para ler sobre notável conferência do Ministro Ayres Britto: “o Judiciário é o maior obstáculo à liberdade de imprensa”.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

terça-feira, novembro 23, 2010

A Grande Mídia Brasileira Reconhece: Estávamos e Preferimos o Lado da Ditadura, da Tortura




Não é D. Judith Brito fantasiada. É D. Maria I, a Louca, rainha de Portugal que condenou Tiradentes à forca.
O que a Folha e Globo diriam do processo contra Tiradentes, feito a serviço de D. Maria, a Louca?


O Faces da Verdade reproduz texto de Zé Augusto publicado no Blog Amigos do Presidente Lula.
O texto fala da realidade da grande mídia brasileira: o fato de deixarem claro seu posicionamento – o de apoio a atos ditatoriais que os possa beneficiar.
De acordo com o texto, a nossa grande mídia está reconhecendo o fato de terem apoiado sem qualquer ressalva a ditadura militar e seus atos, através das “reporcagens” em que ratificam as informações conseguidas sob tortura como verdade absoluta.
Vale ressaltar que é esta mesma imprensa que brada severa contra a proposta de controle social da comunicação.



Folha e Globo, seguidas de Veja e Estadão fizeram "reporcagens" a partir do processo da ditadura contra Dilma Rousseff no STM (Superior Tribunal Militar).

Processos como estes exigem do repórter e do editor um mínimo de conhecimento da história e visão crítica da época para não escrever bobagens, principalmente usando de má-fé como fizeram os jornais.

Ignorar a realidade da época é o mesmo que publicar uma reportagem sobre o processo de D. Maria, a Louca, contra Tiradentes, e endossar as acusações tiranas de que Tiradentes seria um "traidor infame".

A má-fé dos dois jornais não está em publicar o conteúdo dos autos do STM, que pertencem à história, e podem ser estudados, para evitar novas tiranias, com a devida crítica (por exemplo, considerando sem valor, a princípio, informações obtidas sob tortura, sem que haja confirmação).

A má-fé está em confundir o leitor, principalmente aquele que não conhece o contexto da época, querendo atribuir caráter criminoso em ações de combate, de insurgência contra a tirania, de guerra de guerrilha (como tomada de armas do inimigo, expropriação à bancos), da mesma forma que a Coroa Portuguesa atribuiu como criminosa a insurgência política de Tiradentes.

Como a mentira tem pernas curtas, é fácil desmascarar essa imprensa corrupta: se as ações rebeldes fossem crimes comuns, porque Dilma e seus companheiros eram julgados por um Tribunal Militar, e não pela justiça civil comum?

À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares, crimes de guerra. É a prova irrefutável de que a própria ditadura reconhecia haver uma guerra de guerrilha em curso, e que as ações da guerrilha eram de combate.

O Brasil viveu uma guerra civil durante a ditadura camuflada pela censura e pelo PIG

Não foi uma guerra civil ostensiva, foi guerra de guerrilha.

Guerrilha é quando um combate se trava entre forças desproporcionais. Sem poder bélico para enfrentar um exército regular, a guerrilha precisa ficar escondida, e só apontar a cabeça em ações típicas de emboscada e sabotagens (como tomada de armas em quartéis e de policiais, expropriação a bancos, ataques à alvos da ditadura), para depois se esconder de novo. A guerrilha não pode ter quartéis visíveis, nem campos de batalha previsíveis, senão é facilmente dizimada pela inferioridade numérica e bélica.

A guerrilha não visa necessariamente vencer na força bélica. Visa criar focos de resistência, inserindo o espírito de luta (mesmo não armado) e resistência na população, na nação.

Num país continental e urbano, como o Brasil, caso houvesse apoio popular, as ações armadas tenderiam a ser substituídas por greves e protestos de massa, criando um ambiente político tal, que faria o tirano bater em retirada do poder. Esse resultado acabou acontecendo, na abertura lenta e gradual, com as greves do ABC, com as manifestações das Diretas Já, culminando com a redemocratização.

Esse mesmo tipo de ação guerrilheira - com poderio bélico inferior, mas apoio popular - levou Nelson Mandela à democracia racial sul-africana e levou à criação da República da Irlanda (exceto a Irlanda do Norte, que ainda faz parte do Reino Unido).

No Brasil, a ditadura montou um conjunto de dispositivos para não deixar a guerrilha atingir seu principal objetivo: a organização e mobilização popular.

Para isso era preciso esconder que havia uma guerra civil legítima em curso contra a ditadura. Além da censura, era preciso demonizar na propaganda noticiosa os guerrilheiros como "criminosos", para não despertarem empatia popular, não criar mártires, nem despertar admiração, nem ideais a serem seguidos.

Foi preciso fazer o mesmo com os guerrilheiros, que D. Maria, a louca, fez com Tiradentes e os demais inconfidentes.

E lá estavam as velhas conhecidas famílias Marinho, Frias, Mesquita e Civita, da velha mídia, engajadas em demonizar os guerrilheiros, em entusiasmados editorais, colunas e na deturpação do noticiário. Hoje, coerentes com o passado em prol da ditadura, fazem o mesmo ao colocaram suas mãos sujas no processo de Dilma, vilipendiando a verdade.

Além do aparelho repressivo policial-militar e para-militar, a ditadura criou Atos Institucionais e inseriu, na lei de segurança nacional, carta branca para prender e arrebentar qualquer um que insurgisse contra a ditadura, seja sem arma, seja com armas.

O Ato Institucional nº 6, transformou o STM (Supremo Tribunal Militar) em um tribunal de exceção, onde passaram a ser processados todos enquadrados na Lei de Segurança Nacional, inclusive os civis. Foi o reconhecimento pela ditadura de que estava travando uma guerra civil para se manter no poder.

Qualquer atividade civil de oposição de esquerda (ou que "ameaçasse" o regime), como críticas ao presidente e às autoridades, panfletagem, organização e reunião popular, greve, associação de funcionários "desautorizadas", eram punidas, desde a prisão até a pena de morte, pela Lei de Segurança Nacional vigente na época, em processos na Justiça Militar.

Nesse contexto, de proibição à qualquer atividade real de oposição, é que só restou a resistência armada. Qualquer outra atividade de protesto que trabalhadores, estudantes e movimentos sociais fazem livremente hoje, com a maior naturalidade; qualquer coluna de jornal alternativo ou panfleto com críticas contundentes, dava pena de prisão na época. Até discussão de boteco ou na esquina, se alguém falasse mal do ditador ou da ditadura, ia em cana.

A guerrilha, por natureza, quase sempre acontece em movimentos de independência, de libertação nacional, ou contra ditaduras, quando não há liberdade de expressão, onde é proibido disputar o poder no voto livre. É a luta do oprimido contra o opressor.

Escalada da Ditadura levou à proliferação da luta armada

No Brasil, o golpe de 1964 não teve reação suficiente para debelar o golpe, nem mesmo desarmada, em parte porque foi uma ditadura implantada em etapas. Numa primeira hora, chegou a ser encarada como um golpe pontual com "crise política e militar" (uma "quartelada"). Centristas do PSD (mais ou menos equivalente ao PMDB de hoje), consumado o afastamento de Jango, tentaram fazer um acerto com os militares para reconduzir à normalidade institucional.

A constituição dizia que, faltando menos de 2 anos para o fim do mandato, o Congresso Nacional elegeria o novo presidente. Em acordo, JK e todo o PSD apoiaram a eleição de Castelo Branco no Congresso Nacional, inclusive emprestando como vice um hábil articulador político do PSD (o mineiro José Maria Alckmin). A derrubada de Jango foi um golpe, mas, a rigor, a eleição de Castelo Branco, até ali, retomava o caminho constitucional. O acordo previa que Castelo cumpriria o período do mandato de Jango até o fim, como determinava a Constituição, seguraria os militares da chamada linha dura nos quartéis, e cumpriria o calendário eleitoral, havendo eleições diretas para presidente em 1965, como previa a ordem institucional.

Uma vez eleito, Castelo Branco descumpriu os acordos, vieram golpes dentro do golpe (o próprio JK foi cassado em seguida, pelo próprio Castelo), cada vez mais afastando o caminho da redemocratização e transformando o Brasil numa ditadura cada vez mais arbitrária e massacrando a oposição.

Entre 1964 (após o golpe) até 1968, movimentos civis, como dos estudantes e trabalhadores, se reorganizaram em resistência popular (desarmada), nas ruas, escolas e fábricas. Faziam cada vez mais protestos, greves e passeatas. Trabalhadores começavam a voltar a fazer greves, duramente reprimidas, com prisões e intervenções nos sindicatos.

O AI-5, em dezembro de 1968, fechou as portas para qualquer atividade de oposição. A falta de resistência armada em 1964, que havia levado à ditadura cada vez mais atroz, explodiu em 1968, com milhares de jovens (de todas as idades) resolvendo aderir à única forma de resistência que ainda parecia viável: a luta armada.

Dilma não participou diretamente de ações armadas, mas não há nenhum demérito em quem participou, pelo contrário. Foi um ato voluntário de sacrifício e bravura, como o de qualquer soldado que combate em uma guerra. Muitos sem qualquer preparo, nem aptidão militar, acabaram sacrificando a própria vida, ou em confronto com um exército e polícia bem treinada e bem equipada, ou torturados e executados nas masmorras da ditadura.

domingo, novembro 21, 2010

A Folha se Vingança de Dilma Por Consolidar a Democracia


O Faces da Verdade reproduz texto de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania.

O texto fala das publicações da folha sobre as ações de Dilma Rousseff na luta contra a ditadura militar, sob a ótica de seus torturadores.

O texto conta também a história do Jornal A Folha e o apoio dado ao golpe de estado e ao regime militar ditatorial instalado no Brasil.

Seria mesmo uma vingança póstuma de Otávio Frias de Oliveira?


O homem fardado e a declaração na foto acima correspondem a Otávio Frias de Oliveira, o falecido fundador do jornal Folha de São Paulo. Imagem e palavras pertencem a momentos distintos de sua vida. Todavia, unidas explicam por que seu herdeiro Otavio Frias Filho, o “Otavinho”, foi resgatar em arquivos dos órgãos de repressão da ditadura militar as desculpas usadas por esta para prender e torturar Dilma Vana Rousseff, a presidente eleita do Brasil.

Frias de Oliveira lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, que tentou dar um golpe de Estado contra Getúlio Vargas. Coerente com seu apreço pelo militarismo e pela derrubada de governos dos quais não gostava, apoiou o golpe militar de 1964. Nesse período, a Folha de São Paulo serviu de voz e pernas para os ditadores que se sucederiam no poder ao exaltá-los e ao transportar para eles seus presos políticos até os centros de tortura do regime.

No dia 21 de setembro de 1971, a Ação Libertadora Nacional (ALN) incendiou camionetes da Folha que eram utilizadas para entregar jornais. Os responsáveis acusavam o dono do jornal de emprestar os veículos para transporte de presos políticos. Frias de Oliveira respondeu ao atentado publicando um editorial na primeira página no dia seguinte, sob o título “Banditismo”.

Eis um trecho do texto:

“Os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta. Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social-realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. [...] Um país, enfim, de onde a subversão -que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.”
(Editorial: Banditismo – publicado em 22 de setembro de 1971; Octavio Frias de Oliveira).

O presidente da República de então era Emílio Garrastazu Médici. Nomeado presidente pelos militares, comandou o período mais duro da ditadura militar. Foi a época do auge das prisões, torturas e assassinatos de militantes políticos de esquerda pelo regime.

Apesar dos elogios de Frias de Oliveira à ditadura, segundo a Fundação Getúlio Vargas foi no governo Médici que a miséria e a concentração de renda ganharam impulso. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo no período, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

O uso político que o jornal Folha de São Paulo começou a fazer neste sábado das desculpas da ditadura para prender e torturar impiedosamente uma garota de 19 anos que lutava para libertar seu país do regime de exceção constitui-se, portanto, em uma vingança póstuma de um homem que dedicou sua vida à uma luta incessante contra a democracia, obviamente por acreditar que o povo não sabia votar.
——
Folha de São Paulo
20/11/2010
Dilma tinha código de acesso a arsenal usado por guerrilha
Revelação foi feita em 1970 sob tortura por ex-colega da petista na luta armada e confirmada por ele em entrevista
Grupo VAR-Palmares guardava em imóvel 58 fuzis e 4 metralhadoras; armamento foi roubado de batalhão do ABC
MATHEUS LEITÃO
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
A presidente eleita, Dilma Rousseff, zelava, junto com outros dois militantes, pelo arsenal da VAR-Palmares, organização que combateu a ditadura militar (1964-1985).

Entre os armamentos, havia 58 fuzis Mauser, 4 metralhadoras Ina, 2 revólveres, 3 carabinas, 3 latas de pólvora, 10 bombas de efeito moral, 100 gramas de clorofórmio, 1 rojão de fabricação caseira, 4 latas de “dinamite granulada” e 30 frascos com substâncias para “confecção de matérias explosivas”, como ácido nítrico. Além de caixas com centenas de munições.

A descrição consta do processo que a ditadura abriu contra Dilma e seus colegas nos anos 70. A Folha teve acesso a uma cópia do documento. Com tarja de “reservado”, até anteontem ele estava trancado nos cofres do Superior Tribunal Militar.

Trata-se de depoimento dado em março de 1970 por João Batista de Sousa, militante do mesmo grupo de guerrilha do qual Dilma foi dirigente.

Sob tortura, ele revelou detalhes do arsenal reunido para combater a repressão e disse que Dilma tinha recebido a senha para acessá-lo.
Quarenta anos depois, Sousa confirmou à Folha o que havia dito aos policiais -e deu mais detalhes.

Dilma já havia admitido, em entrevista à Folha em fevereiro, que na juventude fez treinamento com armas de fogo. O documento do STM, porém, é a primeira peça que a vincula diretamente à ação armada durante a ditadura.

Procurada pela Folha, a presidente eleita não quis falar sobre o assunto.

O armamento foi roubado do 10º Batalhão da Força Pública do Estado de São Paulo em São Caetano do Sul (SP), de acordo com o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social).

A ação ocorreu em junho de 1969, mês em que as organizações VPR e Colina se fundiram na VAR-Palmares.

Sousa disse que foi responsável por guardar o arsenal após a fusão. Com medo de ser preso, fez um “código” com o endereço do “aparelho” -como eram chamados os apartamentos onde militantes se escondiam.

Para sua própria segurança e do arsenal, Sousa dividiu o endereço do “aparelho” em Santo André (SP) em duas partes.

Assim, só duas pessoas juntas poderiam saber onde estavam as armas. Uma parte da informação foi entregue a Dilma, codinome “Luisa”. A outra, passada a Antonio Carlos Melo Pereira, guerrilheiro anistiado pelo governo depois de morrer.

O documento registra assim a informação: “Que, tal código, entregou a “Tadeu” e “Luisa”, sendo que deu a cada um uma parte e apenas a junção das duas partes é que poderia o mencionado código ser decifrado”.

“Fiz isso para que Dilma, minha chefe na VAR, pudesse encontrar as armas”, diz, hoje, Sousa.

Tido pelos colegas como um dos mais corajosos da VAR-Palmares, Sousa afirma ter sido torturado por mais de 20 dias. Ficou quatro anos preso e, hoje, pede indenização ao governo federal.

Aposentado, depois de trabalhar como relações públicas e com assistência técnica para carros no interior de São Paulo, ele diz ter votado em Dilma. Na entrevista, chamou a presidente eleita de “minha coordenadora”.

“PONTOS”

Sousa contou que tinha três “pontos” -como eram chamados os locais e horas de encontro na clandestinidade- com Dilma nos dias seguintes à sua prisão. Mas disse que não entregou as datas e endereços durante as sessões de tortura -inclusive com choques elétricos na “cadeira do dragão”.

Sousa participou de operações armadas, como assaltos a bancos e mercados. “Informava todas as ações para Dilma com três dias de antecedência”, declarou.

Com a “dinamite granulada”, por exemplo, ele afirma ter feito bombas com canos de água “cortados no tamanho de quatro polegadas, com pregos dentro”.

Quando 18 militares à paisana cercaram seu “aparelho”, Sousa os recebeu com rajadas de metralhadoras e com as bombas caseiras. Um militar ficou ferido.

Os agentes conseguiram uma trégua após duas horas de intenso tiroteio.

Sousa diz que, meses depois, Dilma contou a ele que, quando ele não apareceu nos encontros previstos, ela usou o código para pegar o arsenal: Dilma e Melo encontraram a casa perfurada de balas e a rua semelhante a uma trincheira de guerra, com enormes buracos.

O depoimento registra 13 bombas jogadas contra os militares. Com um vizinho, Dilma e Melo descobriram que o companheiro esquerdista havia sido levado vivo pela repressão.

sábado, novembro 20, 2010

A Folha Escreve a Biografia de Dilma Rousseff: o Mandela Brasileiro



O Faces da Verdade reproduz texto de Paulo Henrique Amirim publicado no Conversa Afiada com o título Dilma:A Folha Vai Escrever a Biografia de Mandela

O que fará a Folha?

Escreverá a biografia do Mandela Brasileiro: Dilma Rousseff.



“Em 1962, quando tinha 44 anos, Mandela assumiu a direção do movimento para fundar a Lança Nação (conhecida como MK), o braço armado da CNA, passando a ser seu primeiro comandante. Quando a MKN iniciou alguns atentados a bomba contra alvos militares, Mandela foi para a clandestinidade e tornou-se um foragido, o homem mais procurado da África do Sul, uma figura sombria que os jornais brancos chamavam de Pimpinela Negro.”
Extraído do livro “Os caminhos de Mandela, lições de vida, amor e coragem”, de Richard Stengel, Editora Globo, pág. 136.

Saiu hoje na Folha (*), primeira página:
“Petista (sic) eleita tinha código de acesso a armas de guerrilha”.
“Com mais dois militantes, Dilma Rousseff zelava pelas armas da VAR-Palmares, organização que combateu a ditadura…”
“Zelar” significa ter a senha para ter acesso às armas.

Clique aqui para ler “Por que a Folha quer ter acesso à ficha que os torturadores do regime militar fizeram da Dilma”.

O José Serra cortou os pulsos hoje de manhã, ao abrir o jornal de sua predileção.

Lamentavelmente, diria a Marina, a Folha se atrasou ao ter acesso aos documentos que os torturadores redigiram sobre a Dilma.

Isso nas mãos do Ali Kamel, já pensou, amigo navegante ?

Uma semana antes da eleição no segundo turno, já imaginou como estaria o semblante do Bonner ?

“A candidata Dilma Rousseff guardava o arsenal da guerrilha sanguinária !”, diria ele.

Além de tudo, o Serra, também conhecido como Padim Pade Cerra, tem azar.

O que a Folha vai ajudar a fazer, porém, é construir a história de uma democrata.

Como a Bachelet do Chile, Begin de Israel, e o maior de todos, Nelson Mandela, Dilma participou da luta armada.

Ela estava do outro lado ao do pai do Otavinho.

O pai do Otavinho entregava os carros de “reportagem” aos torturadores.

Dilma era torturada.

Porém, Dilma atravessou a ponte e ajudou a construir a democracia.

Trajeto que o filho ainda não fez, de corpo e alma.

Nesta nossa sub-democracia (e é “sub” porque, entre tantos motivos, o PiG (**) é tão forte), nesta nossa sub-democracia, um dos fenômenos mais eloquentes de amadurecimento foi, precisamente, a capacidade de o sistema partidário convencional incorporar os lideres guerrilheiros.

A democracia brasileira – tão fraquinha, como é -  pôs para dentro da Constituição – tão imperfeita, como é – aqueles que, um dia, com coragem e destemor foram para a luta armada para derrubar os usurpadores e torturadores.

A Folha deveria incumbir seus colonistas (***) da página 2 de escrever sobre a conversão de Dilma à democracia.

E mais: à democracia que inclui, que põe para dentro do sistema capitalista os miseráveis que o “Brasil de 20  milhões” (onde habitava o pai do Otavinho) preferiria ignorar.

E o mais fascinante de tudo: a Dilma depôs as armas (ou o código, como prefere a Folha) e ganhou o jogo mais importante da democracia: se tornou presidente da República por 56% a 44%.

A Folha é que tem um encontro com a Justiça, se a Dilma quiser.

Que é provar que a ficha “falsa” da Dilma é verdadeira.

A Folha tem mania de “ficha falsa”.

Ela vai tentar vender aos leitores que aquilo que os torturadores dizem da Dilma é verdade.

É a farsa dentro da farsa.

Ou a farsa dentro da ignomínia.

Coitado do Padim Pade Cerra.

O Otavinho chegou trinta dias atrasado.

A Eliane Catanhêde vai pedir o terceiro turno.

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.